Trabalhadores da Portway começam greve de três dias nos aeroportos
Os trabalhadores da Portway dão início nesta sexta-feira a uma greve de três dias nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac), que deverá causar perturbações na operação.
A paralisação, marcada para hoje, sábado e domingo, contesta “a política de RH [recursos humanos] assumida ao longo dos últimos anos pela Portway, empresa detida pelo grupo Vinci, de confronto e desvalorização dos trabalhadores por via de consecutivos incumprimentos do Acordo de Empresa, confrontação disciplinar, ausência de actualizações salariais, deturpação das avaliações de desempenho que evitam as progressões salariais e má-fé nas negociações”, indicou o sindicato.
O pré-aviso prevê a paralisação geral dos trabalhadores da empresa de assistência em terra, nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Madeira, com início às oh de hoje e fim às 24h de domingo.
O Sintac acusa a Portway de promover um “clima de terror psicológico, onde proliferam ameaças e instauração de processos disciplinares, criando uma instabilidade social sem ímpar na história da empresa”, e os trabalhadores reivindicam o cumprimento do Acordo de Empresa de 2016 e uma avaliação de desempenho que não sirva para evitar progressões.
O Sintac quer ainda o pagamento de feriados a 100% a todos os trabalhadores e actualizações salariais imediatas, que tenham em conta a inflação.
A ANA - Aeroportos de Portugal e a Portway alertaram na quinta-feira para possíveis perturbações em 22 companhias aéreas que operam nos aeroportos nacionais.
Numa nota divulgada nos seus sites, a gestora dos aeroportos nacionais, detida pela Vinci, e a empresa de assistência em terra, do mesmo grupo, publicaram uma lista de “companhias aéreas cujos voos poderão ser afectados pela greve convocada por um sindicato” na empresa de assistência em terra.
As companhias em causa são a Aegean, Air Canada, Air Transat, American Airlines, Blue Air, Brussels, Cabo Verde Airlines, Easyjet, Euroatlantic, European Air Transport, Eurowings, Finnair, Flyone, Latam, Luxair, Swiftair, Transavia, Transavia France, Tunisair, Turkish Airlines, Volotea e Wizzair. Estas empresas recorrem aos serviços da Portway, sendo que existe outra empresa de handling em Portugal, a Groundforce.
Num comunicado divulgado na quinta-feira de manhã, a Portway deu conta da possibilidade de constrangimentos nos aeroportos nacionais, devido à greve, lamentando “os incómodos que esta situação venha a causar aos passageiros”.
Tendo em conta o impacto que a greve pode ter nas operações aeroportuárias, a empresa aconselhou ainda os viajantes a confirmarem os respectivos voos junto das companhias aéreas, antes de se dirigirem para os aeroportos, sendo que as referências às companhias aéreas afectadas pela paralisação estarão em actualização permanente.
O sindicato e a Portway não chegaram a acordo quanto à definição dos serviços mínimos para a greve, depois de uma reunião com a Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
Entretanto, o Sintac referiu ter conhecimento de que podem ser chamados trabalhadores de empresas de trabalho temporário, “com experiência quase nula, que poderão vir a colocar em causa a segurança de voo”. Por sua vez, a Portway disse que “repudia veementemente qualquer acusação de cedências ou facilitismos operacionais”.
Esta semana, o Sintac acusou ainda o Governo de ter lançado um despacho “que viola o direito à greve” dos trabalhadores da Portway que prestam assistência a pessoas com mobilidade reduzida nos aeroportos nacionais e pediu a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), garantindo que a Portway está a “comprometer” os direitos dos trabalhadores.