Desde há alguns meses que assistimos a uma pungente contradição lógica que devia ser objecto de uma profunda reflexão: enquanto soavam os alarmes pelo anunciado corte drástico do gás russo e se preparava uma logística colossal para fornecer a energia de que a Europa precisa (mostrando assim que o programa de redução do consumo de combustíveis fósseis só sobrevive, mesmo no plano dos discursos, enquanto subsistem as condições materiais para o seu uso sem restrições), éramos confrontados diariamente com notícias das condições climáticas (sobre as quais já está estabelecido um consenso científico de que se devem às emissões de CO2 ) que progridem na direcção do desastre total e tornaram-se tão visíveis e tão céleres que derrotaram os negacionistas: rios secos em grande parte do seu percurso (agora não é só o Guadiana e o Tejo, é também o Danúbio, o Reno, o Pó), as ondas de calor consecutivas que põem Paris, Londres, Florença, Berlim, todo o continente europeu, a sentir as agruras do Norte de África, mas sem estar preparado para as mitigar; mega-incêndios florestais em zonas que já não conseguem preservar a humidade e, por conseguinte, toda a sua biodiversidade está moribunda; avanço da desertificação até latitudes que julgávamos imunes a tal efeito.
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