Deserto do Atacama prepara-se para receber as flores depois da chuva
A ocorrência de fortes chuvas durante o último Inverno no deserto de Atacama, no Norte do Chile, indica que as planícies áridas podem ficar floridas em breve. As autoridades local já se preparam para receber os visitantes e divulgaram recomendações.
As chuvas invernais nas planícies áridas do Norte do Chile indicam que o deserto do Atacama poderá ficar em breve forrado por um tapete de flores. Conhecido como “deserto florido”, este espectáculo botânico depende da ocorrência de fortes chuvas de Inverno no hemisfério Sul.
De acordo com o biólogo Roberto Contreras, algumas áreas das planícies áreas chegaram a registar em Junho mais de 80 milímetros de água pluvial. “Isso nos diz que o fenómeno [floral] pode ser significativo [este ano]”, afirmou o especialista à agência Reuters.
A floração do Atacama atrai um grande número de turistas locais e estrangeiros, uma experiência de maravilhamento com a natureza que ficou ainda mais popular após a publicação do livro As Rosas de Atacama (2000), do escritor chileno Luís Sepúlveda (1949-2020).
Bolbos e sementes de espécies endémicas, como a Añañuca (Rhodophiala rhodolirion) ou a pata de guanaco (Cistanthe grandiflora), “escondem-se” do sol quente no subsolo e ficam “à espera” que haja humidade suficiente para germinar e florescer. Mais de 200 espécies podem ser identificadas quando um deserto florido foi bem “regado” no Inverno.
Já é possível observar pequenos cravos e outras espécies no Parque Nacional Llanos de Challe, considerado a antecâmara do deserto mais árido do planeta. “Está apenas a começar, esperamos que até a segunda quinzena de Setembro possamos ter ainda mais flores”, disse o guarda florestal Jorge Godoy à Reuters.
O responsável regional do gabinete nacional de turismo do Chile, Alejandro Martin, afirmou o que departamento já está a preparar-se para a chegada dos viajantes desejosos de testemunhar a floração. As autoridades já divulgaram as recomendações para os turistas que vêm este ano à região do Atacama.
Devido à fragilidade do ecossistema, o trânsito local é proibido, mas ainda assim vêem-se veículos a passear pelas encostas floridas, segundo a Reuters. O parque também é ameaçado por traficantes de espécies endémicas ou visitantes que colhem flores inutilmente (uma vez que as espécies dificilmente sobreviverão fora do ecossistema do Norte do Chile). “A melhor recordação fica no telemóvel ou na máquina fotográfica, não nas mãos”, alerta uma campanha da Corporação Nacional Florestal do Chile.
O fenómeno não ocorre todos os anos e depende da quantidade de água que o deserto recebeu durante o Inverno. Os últimos desertos floridos foram registados em 2017 e 2021.