Um casal desenhou a maior bicicleta do mundo num mapa — ao pedalar na Europa pelo clima
Arianna Casiraghi e Daniel Rayneau-Kirkhope atravessaram sete países europeus de bicicleta com a cadela Zola para traçarem, com a sua rota, a maior bicicleta do mundo num mapa. Esperam alertar as pessoas e os governos europeus para a problemática das alterações climáticas.
Um casal inglês, Arianna Casiraghi e Daniel Rayneau-Kirkhope, acompanhado pela cadela Zola, decidiu iniciar uma viagem de bicicleta pela Europa, percorrendo 7 237 quilómetros. O objectivo era que a rota feita resultasse num desenho de uma bicicleta no mapa — o maior alguma vez traçado por um sistema de GPS —, de forma a chamar a atenção das pessoas para as alterações climáticas, incentivando-as a usarem mais as bicicletas.
“Há algo pequeno que a grande maioria das pessoas pode fazer, que é usar a bicicleta em vez do carro para realizar viagens curtas. Só isso pode fazer uma verdadeira diferença nas emissões de gases”, conta Daniel Rayneau-Kirkhope num email ao P3.
Mas este não foi o único motivo que os mobilizou para a viagem, que terminou este mês, ao fim de 131 dias a pedalar. Os dois ciclistas também quiseram alertar os governos e os políticos da Europa para a “proporção crescente de ciclistas que querem utilizar as bicicletas como meio de transporte” e, para isso, precisam que as “infra-estruturas de ciclismo sejam melhoradas para facilitar a sua utilização”.
A aventura começou em Julho de 2019 na região de Vy-lès-Lure, em França, mas ambos não adivinhavam o caminho acidentado que tinham pela frente. Doutorada em Física, Arianna tinha deixado a investigação na área do nanomagnetismo para se dedicar à viagem; Daniel, por seu turno, é doutorado em Física Estrutural, mas já tinha trocado a área científica por um pequeno negócio de construção de bicicletas feitas à mão, que deixou temporariamente em suspenso.
Antes de arrancarem, prepararam todo o percurso que iriam percorrer pela Europa. Com a ajuda do Google Maps, a inglesa desenhou um trajecto muito semelhante à forma de uma bicicleta. E logo aí surgiram os primeiros percalços: a rota atravessava o aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, por isso teve de ser alterada por alguns quilómetros.
A presença da cadela Zola também significou adaptar o percurso às necessidades dela. Para além de ser transportada numa bicicleta de carga, construída por Daniel, tiveram de se certificar que encontravam “estradas suficientes (longe do trânsito) para que Zola conseguisse caminhar nelas de forma segura” quando os acompanhava no terreno.
No entanto, a viagem acabou mesmo por ter de ser suspensa três vezes. Meses após terem começado a pedalar, Arianna sofreu uma fractura no joelho, o que obrigou o casal a fazer uma pausa, retomando a travessia em Novembro de 2019. Mas só conseguiram viajar mais um mês: tiveram de parar outra vez, pois não tinham equipamento adequado para fazer face ao frio que atravessava a Europa.
Esperavam retomá-la em Março de 2020, mas apareceu a pandemia de covid-19 e as várias regras impostas pelos países europeus levaram o casal a adiá-la até Junho de 2022. Até que, por fim, depois de mais de 7 200 quilómetros e sete países atravessados (Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos, França, Alemanha, Suíça e Áustria), Arianna, Daniel e Zola chegaram ao fim da meta no início de Agosto.
Terminar a viagem, dizem, foi um grande momento de felicidade. “Sentimo-nos extremamente aliviados e nem podíamos acreditar que tínhamos finalmente conseguido finalizar esta iniciativa depois de três anos e de tantas coisas correm mal”, confessa Arianna.
“Estamos extremamente felizes e orgulhosos do que fizemos, especialmente porque a nossa mensagem recebeu muito mais atenção do que o esperado e é muito agradável receber as reacções positivas das pessoas que entraram em contacto connosco. Isto faz-nos sentir que não estamos sozinhos na esperança de mudar o mundo”, acrescenta.
Texto editado por Amanda Ribeiro