Inquérito vai apurar circunstâncias da morte de pescador português na Irlanda

A presidente da Associação Portuguesa na Irlanda, Maria Manuela Silva, disse que está a prestar assistência no caso à família do pescador para tentar que a família receba uma indemnização, o que não aconteceu até agora.

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José Vareiro, conhecido por “Berto Vareiro” e natural de Caxinas, em Vila do Conde, tinha 53 anos quando morreu afogado após cair ao mar enquanto trabalhava a bordo do barco “Cú Na Mara” (cão de caça dos mares em irlandês) em 01 de Julho de 2016. Daniel Rocha

Um tribunal irlandês vai analisar esta quarta-feira as circunstâncias da morte do português José Alberto Novo Vareiro em 2016, enquanto trabalhava num barco de pesca para decidir se foi acidente ou negligência, adiantou fonte da Associação Portuguesa na Irlanda.

O inquérito judicial ("inquest") é um procedimento conduzido por um magistrado ("coroner") para apurar as causas e circunstâncias de uma morte quando esta não tem acontece de forma natural.

Adiado por causa da pandemia de covid-19, terá lugar hoje à tarde no tribunal de Tralee, no condado de Kerry, no sudoeste do país, confirmou fonte judicial.

A presidente da Associação Portuguesa na Irlanda, Maria Manuela Silva, disse à Lusa que está a prestar assistência no caso à família do pescador para tentar que a família receba uma indemnização, o que não aconteceu até agora.

José Vareiro, conhecido por “Berto Vareiro” e natural de Caxinas, em Vila do Conde, tinha 53 anos quando morreu afogado após cair ao mar enquanto trabalhava a bordo do barco “Cú Na Mara” (cão de caça dos mares em irlandês) em 01 de Julho de 2016.

Na altura, o caso foi dado como um acidente pelo armador e colegas, entre os quais estava um irmão da vítima, e um processo criminal foi arquivado, disse Manuela Silva.

Porém, o advogado que está a assistir a família recolheu testemunhos da viúva e de outro tripulante indicando que Vareiro não tinha colete salva-vidas nem capacete, como está previsto nas regras de segurança, que os pescadores a bordo foram convencidos pelo armador a dizer o contrário para facilitar a indemnização pelo seguro, o que não se concretizou.

Segundo Maria Manuela Silva, a viúva e a filha mais velha relataram a conversa do irmão do defunto, que terá contado à cunhada e filhas “que tinham decidido juntamente com o armador do barco dizer à polícia que estava tudo em ordem porque senão a família não teria direito a nenhuma compensação do seguro”.

Segundo Manuela Silva, se a magistrada responsável, Helen Lucey, decidir que existiu negligência poderá ajudar num caso cível em curso para obter uma indemnização ou colocar pressão no armador para chegar a um acordo com a família.

Lucey pode ainda dar mais três ou seis meses à polícia para investigar novamente o caso.