House of the Dragon: para o director da promoção do Alentejo, as críticas do autarca de Idanha-a-Nova são uma “não notícia”
Um artigo no jornal The Guardian sobre Monsanto e a série House of the Dragon levou a uma guerra de palavras entre o presidente da câmara de Idanha-a-Nova e o director-executivo da Promoção Turística do Alentejo.
António Lacerda, director-executivo da promoção do turismo do Alentejo, disse ao PÚBLICO que não aceita o teor das críticas formuladas por Armindo Jacinto presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, quando este clarificou de “infelizes” as declarações que prestou ao jornal inglês The Guardian, sobre as consequências dos incêndios florestais que ocorreram nas últimas semanas.
Precisando o teor das afirmações proferidas por António Lacerda, e inseridas no jornal inglês, este responsável interpretou como sendo “uma tragédia”, para a região de Idanha-a-Nova a ocorrência dos fogos florestais que destruíram uma grande extensão de áreas florestadas. E que grandes partes da zona serrana que foi queimada, em “alguns lugares, não poderão receber visitantes até ao próximo ano.” A partir desta constatação, António Lacerda salientou que, a par de Monsanto, onde foram realizadas filmagens da prequela d’ A Guerra dos Tronos, House of the Dragon que estreou esta segunda, existem outras “aldeias no topo de colinas… como Marvão e Monsaraz” com características semelhantes às da aldeia beirã – sendo estas últimas no Alentejo.
A reacção do autarca de Idanha-a-Nova às declarações do director-geral da promoção do turismo do Alentejo, foi imediata, considerando-as “infelizes” acrescentando ainda que “o Alentejo não precisa do infortúnio dos outros para se promover”.
António Lacerda não gostou destas afirmações e através de carta enviada ao autarca de Idanha, a que o PÚBLICO teve acesso, refere que o “Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova interpreta um texto publicado por Kevin Rushby no The Guardian, recolhendo dele o que o jornalista não escreveu e muito menos eu, directamente acusado, não disse”.
E para suportar o seu argumento socorre-se de uma rectificação que o jornal inglês coligiu no dia 20 de Agosto “para remover uma declaração incorrecta” onde inicialmente se referia que a aldeia de Monsanto havia sido “danificada por incêndios florestais” quando afinal não tinha sido afectada.
Nesta sua avaliação “infundada”, prossegue o director-geral do turismo do Alentejo, o presidente da Câmara “não procurou informar-se junto do The Guardian, de Kevin Rushby ou de mim próprio, optando pelo oportunismo da inverdade e da tentativa de implicar outros no alcançar de algum indizível objectivo, que só ele próprio saberá”.
Nas declarações que prestou ao PÚBLICO, Lacerda, pretende dar o assunto por encerrado, frisando não ter “mais nada a acrescentar” por se tratar de “uma não notícia” reafirmando apenas o que disse na carta enviada a Armindo Jacinto.
No entanto, a rectificação feita pelo jornal inglês não faz referência às afirmações que suscitaram o desconforto do autarca de Idanha-a-Nova, que o PÚBLICO procurou ouvir, mas não foi possível.
O peso turístico d’ A Guerra dos Tronos
A troca de argumentos e de críticas entre o director-geral do turismo do Alentejo e o presidente da câmara tem implícita uma razão de fundo: a procura turística que o universo Game of Thrones intensifica nas regiões onde decorreram as filmagens.
O The Guardian socorre-se do que passou na Islândia onde os fluxos turísticos saltaram dos 500.000 visitantes para os 2,5 milhões, depois das filmagens que ali se realizaram em 2011. A Irlanda do Norte também sentiu os efeitos da avalanche turística ao arrecadar mais 250 milhões de libras.
Não é difícil antecipar o que poderá vir a ocorrer na aldeia de Monsanto e na região envolvente agora afectada pelos incêndios. O jornal britânico antecipa o cenário: “Em Portugal, na aldeia de Monsanto no topo da colina, que atraiu cineastas com as suas casas rústicas e enormes rochas de granito, espera-se um impulso turístico semelhante”.