Benfica tem uma hora e meia para ganhar 38 milhões de euros
Para chegar à Liga dos Campeões, ao Benfica servirá uma vitória, um empate, uma derrota por um golo e até poderá servir uma derrota por dois golos nesta terça-feira, frente ao Dínamo de Kiev. Roger Schmidt recusa rotatividade na equipa para esta partida.
A frase em título coloca as próximas horas do Benfica num plano aparentemente simples: se jogarem uma hora e meia de futebol no play-off de acesso à Liga dos Campeões, os “encarnados” podem ganhar cerca de 38 milhões de euros. Esta é a forma simplificada de colocar o cenário, mas, na prática, é ligeiramente mais complexo.
Em rigor, ao Benfica não basta jogar (20h, TVI), mas sim jogar sem perder o 2-0 que trouxe da primeira mão frente ao Dínamo de Kiev – é, em tese, uma meta perfeitamente ao alcance de uma equipa que se tem mostrado competente e que joga em casa e mais ainda considerando que o adversário ucraniano se mostrou algo incapaz e longe do nível habitual.
Ao Benfica serve uma vitória, um empate, uma derrota por um golo e pode servir até uma derrota por dois golos, havendo, nesse cenário, prolongamento e penáltis. Em suma: há muito que serve ao Benfica e pouco ao Dínamo, mesmo que os golos marcados fora de casa já nem tenham peso.
Este cenário aparentemente animador justificou até a pergunta da praxe a um treinador pouco dado a mudanças no “onze” habitual. E, como se esperava, ainda não é desta que Roger Schmidt vai prestar-se a rotatividade que possa aumentar a probabilidade de insucesso.
“Não está feita [a eliminatória] e não é altura de fazer alterações só para rodar. Quero os melhores em campo e os melhores substitutos no banco. Nas próximas semanas e meses precisamos de todo o plantel, mas amanhã estarão os jogadores que estejam habituados a jogar juntos”, apontou o técnico do Benfica, na antevisão do jogo.
E desenvolveu o ainda o tema num prisma conceptual que permitiu conhecer um pouco mais das ideias do alemão acerca da insistência nas mesmas substituições durante os jogos: “O “onze” inicial está nesta altura habituado a jogar junto. Cada jogador é diferente, mas os que entram devem ter o mesmo perfil táctico”.
Esta aversão à descompressão vem até no seguimento dos últimos dias “encarnados”, marcados por… descompressão. A equipa não jogou para o campeonato (cortesia da Liga e do Paços de Ferreira) e teve folga no fim-de-semana. Até este é outro factor a adensar o favoritismo português, algo que Schmidt não teve pudor em assumir: “Foi muito bom descansar no fim-de-semana. Em oito dias tivemos três jogos com viagens. Os jogadores recuperaram bem, aproveitámos ao máximo o fim-de-semana e isso é uma boa vantagem para nós”.
Mircea Lucescu, treinador do Dínamo, abordou também as possibilidades de a equipa ucraniana seguir em frente e não teve problema em assumir que os portugueses são mais fortes. “Podemos marcar dois golos e ir a prolongamento. Já passámos assim eliminatórias. Mas na realidade o Benfica neste momento é mais forte. Tem muitos jogadores internacionais para todas as posições e nós nem conseguimos contratar, disse, na antevisão da partida, dando até exemplo de um jogador que considera ter nível para um clube melhor do que o Benfica: “O Benfica tem jogadores experientes como Gilberto, Grimaldo ou Otamendi. Tem Rafa, que é provavelmente o melhor jogador do Benfica. Estou surpreendido por ainda não ter saído. Poderia estar a jogar numa grande equipa, como Bernardo Silva”.
Como abordar o jogo?
No plano táctico a questão mais evidente é sobre que tipo de jogo haverá no Estádio da Luz. Frente ao Midtjylland, o Benfica não se inibiu de 45 minutos ofensivos na segunda mão, mesmo com vantagem da primeira.
Em tese, até por jogarem perante os seus adeptos, os “encarnados” deverão repetir esta postura audaz, pelo menos até surgir um terceiro golo que permita uma tranquilidade (ainda) maior.
A forma de aplicar essa audácia é que pode ser diferente do habitual. Mais do que uma pressão alta e agressiva, talvez um bloco médio (como na Dinamarca) seja usado como engodo para seduzir o Dínamo a expor-se ao jogo e, dessa forma, oferecer espaço para transições. Tal equivale a dizer que o Benfica poderá ser igualmente ofensivo sem ter de ter a postura sem bola e a presença em zonas de finalização que habitualmente aplica.
Qualquer que seja o plano escolhido por Roger Schmidt, é uma previsão fácil apontar que haverá golos na Luz – seja pelo perfil já vincado nesta equipa, pela vontade de dar golos aos benfiquistas presentes no estádio ou apenas pela exploração da necessidade ofensiva do Dínamo, mudança de perfil no adversário que o técnico alemão previu na antevisão do jogo.