Câmara de Lisboa não vai apoiar evento de filho de Sérgio Figueiredo com dinheiro

Autarquia adianta não ter feito “qualquer transferência de verbas” para a realização do evento de Sérgio Jacob Ribeiro, agendado para daqui a dois meses. Em 2020, a câmara, então liderada por Fernando Medina, tinha concedido um apoio de 350 mil euros

Foto
A TVI foi parceira media do evento quando Sérgio Figueiredo era director de informação da estação de televisão Nuno Ferreira Santos/Arquivo

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) não concedeu nenhum apoio financeiro ao evento que Sérgio Jacob Ribeiro irá realizar daqui a dois meses. O filho do ex-director de informação da TVI e ex-administrador da Fundação EDP, Sérgio Figueiredo, disse em carta aberta, publicada no Observador no domingo, que a autarquia liderada pelo social-democrata Carlos Moedas voltaria a apoiar a organização do Planetiers World Gathering. Mas não será financeiramente.

O PÚBLICO apurou, junto de fonte do gabinete de comunicação da autarquia, que “não está contratualizada qualquer transferência de verba por parte da CML para o evento em causa no ano de 2022”.

Em 2020, o anterior executivo da autarquia lisboeta, presidida na altura pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, concedeu um apoio de 350 mil euros à empresa do filho de Sérgio Figueiredo, para a realização do evento Planetiers World Gathering 2020, dedicado à temática da sustentabilidade, noticiou o semanário Novo na passada sexta-feira.

A TVI também terá recebido um valor “considerável” por ser media partner da iniciativa, confirmou o antigo director de informação da estação de televisão ao mesmo jornal, sem revelar o montante em causa. O semanário adianta ainda que o canal deu relevância ao evento e à empresa que foi responsável pela organização, a Planetiers Eventos, Marketing e Comunicação detida pela Planetiers New Generation, que tem Sérgio Jacob Ribeiro como sócio-gerente com uma participação de 33,34%, sendo o resto do capital detido por outros dois accionistas.

A reportagem recorda ainda que, nessa altura, Fernando Medina era comentador remunerado na TVI24, a convite de Sérgio Figueiredo, que recentemente renunciou a um cargo para uma função de consultoria, oferecido pelo ministério das Finanças. Em causa estava o salário do antigo jornalista, que iria auferir um ordenado mensal base (ilíquido) de 4767 euros.

Em carta aberta ao Observador, Sérgio Jacob Ribeiro adiantou que o evento em causa custou três milhões de euros, angariados entre investimento privado e público, como o Turismo de Portugal, que forneceu um apoio superior a um milhão de euros. O montante concedido pela autarquia corresponderia apenas a 12% do custo total do evento. O filho do antigo jornalista mencionou existirem outros parceiros do evento, como “a Comissão Europeia, o Centro de Informação Regional das Nações Unidas, organizações de grande reputação mundial em sustentabilidade ou o Alto Patrocínio do Presidente da República”.

Este sábado, em comunicado, o Chega e a Iniciativa Liberal exigiram que se “torne público todos os contratos existentes ou que existiram”, bem como acordos de prestação de serviços entre a câmara e “Sérgio Figueiredo ou familiares, ou empresas de que estes sejam titulares ou proprietários de facto”. Ambos partidos pedem mais explicações a Fernando Medina sobre as suas ligações ao antigo director de informação da TVI. Com Luciano Alvarez

Texto editado por André Borges Vieira

Notícia actualizada às 20h16

A primeira versão da notícia dizia que a Câmara de Lisboa desmentia as afirmações de Sérgio Jacob Ribeiro na carta aberta que o Observador refere. Porém, a informação não estava correcta. Sérgio Jacob Ribeiro nunca afirmou tratar-se de um apoio financeiro. Disse apenas que contaria com o apoio da autarquia, que apenas adianta não existir qualquer verba contratualizada com a edição deste ano do Planetiers World Gathering. Logo, não há qualquer desmentido.

Sugerir correcção
Ler 30 comentários