Governo do Montenegro derrubado por moção de censura devido a relações com Igreja Ortodoxa Sérvia

Moção de censura foi motivada por acordo que regulava relações entre o Estado e a Igreja sérvia no país. Não ficou claro se a queda do governo levará a eleições parlamentares antecipadas ou se os partidos vão tentar formar uma nova coligação governamental.

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Primeiro-ministro montenegrino, Dritan Abazovic, em conferência de imprensa depois da moção de censura Reuters/STEVO VASILJEVIC

O Governo do Montenegro foi derrubado este sábado por uma moção de censura, motivada por divergências quanto às relações com a Igreja Ortodoxa Sérvia, noticiaram agências internacionais.

A moção de censura obteve 50 votos a favor e um contra, pondo fim ao governo do primeiro-ministro pró-europeu, Dritan Abazovic, poucas semanas depois de este ter assinado um acordo que regulava as relações entre o Estado e a Igreja sérvia no Montenegro.

A votação seguiu-se a um debate de quase 12 horas e votaram 51 deputados presentes, dos 81 que compõem o parlamento.

A questão é sensível na pequena nação dos Balcãs, de 620 mil habitantes, que se separou da vizinha Sérvia em 2006. A Igreja Ortodoxa Sérvia goza de grande apoio no Montenegro, mas a nação está dividida quanto ao papel dominante da Igreja e aos laços do país com a Sérvia.

Críticos do acordo argumentaram que não havia necessidade de um acordo especial com a Igreja sérvia separada de outras comunidades religiosas.

Grupos pró-ocidentais no Montenegro também descreveram o acordo como um instrumento para a Sérvia e a Rússia aumentarem a sua influência no Montenegro, no meio da guerra na Ucrânia.

Abazovic defendeu o acordo como a forma de ultrapassar a longa disputa eclesiástica sobre a propriedade e outros direitos no Montenegro, e concentrar-se em outras questões importantes.

Não ficou imediatamente claro se a queda do governo levará a eleições parlamentares antecipadas ou se os partidos vão tentar formar uma nova coligação governamental.

As disputas políticas no Montenegro bloquearam o progresso no sentido da integração na União Europeia, em relação à qual tem o estatuto de país candidato.