Guterres apela em Odessa à abertura dos mercados aos alimentos russos
O pedido foi feito durante uma visita de Guterres ao porto de Odessa, no Sul da Ucrânia. Para Guterres, o recomeço das exportações de Odessa é “apenas a parte visível” da solução para a crise alimentar
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O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defende que além da libertação de cereais e fertilizantes produzidos neste país, é preciso permitir o acesso ao mercado global de alimentos russos fora de sanções. O apelo foi deixado durante uma visita de Guterres ao porto de Odessa, no Sul da Ucrânia.
O secretário-geral da ONU afirmou ser “emocionante estar em Odessa” e ver um navio ser carregado com trigo de novo, após o porto ter estado paralisado durante meses, desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de Fevereiro. “É motivo de alegria, mas também emotivo, pela tristeza que senti ao ver este maravilhoso porto e seus terminais praticamente vazios, e a possibilidade de desenvolver a Ucrânia e outras regiões ser cortada por causa da guerra”, lamentou.
Para Guterres, no entanto, o recomeço das exportações de Odessa é “apenas a parte visível” da solução para a crise alimentar e de preços. A outra parte, é “desimpedir o acesso ao mercado global de alimentos e fertilizantes russos que não estejam sob sanções”.
O pedido foi endereçado aos governos e ao sector privado. “Sem fertilizantes em 2022, pode não haver comida suficiente em 2023”, declarou, acompanhado pelo ministro das Infra-estruturas ucraniano, Olexander Kubrakov.
"Odessa é mais do que um porto, é um símbolo"
Durante a visita, Guterres também expressou esperança de voltar a Odessa em breve noutro cenário e encontrar “um porto vibrante com os seus terminais a trabalhar de modo total”, ao mesmo tempo, que apontou que foi reaberta uma “rota marítima crítica” com a Iniciativa do Mar Negro para os Cereais, assinada em 22 de Julho em Istambul, envolvendo as Nações Unidas e a Turquia com a Rússia e com a Ucrânia.
De acordo com Guterres, “hoje, Odessa é mais do que um porto, é um símbolo”, lembrando que “em menos de um mês”, já saíram 25 navios dos portos “carregados com cereais e outros produtos”.
Nesse sentido, o líder das Nações Unidas pediu ajuda para o escoamento de cereais, uma vez que alguns dos países em desenvolvimento, que recebem estes produtos alimentares, não têm capacidade financeira para os comprar. “Cada navio é um navio de esperança”, reforçou.
Electricidade de Zaporijjia é “electricidade ucraniana"
O secretário-geral das Nações Unidas aproveitou para relembrar a situação na central nuclear de Zaporijjia, que está sob controlo russo, afirmando que a electricidade gerada pertence à Ucrânia, declarando, de seguida, que esse princípio fosse respeitado.
“Obviamente, a electricidade de Zaporijjia é electricidade ucraniana e é necessária especialmente durante o Inverno para o povo ucraniano. Este princípio deve ser plenamente respeitado”, sinalizou, citado pela Reuters.
A afirmação surge depois de a Ucrânia ter revelado relatórios sobre possíveis planos da Rússia para desviar a rede eléctrica.
A visita ao porto de Odessa marcou o segundo dia de António Guterres na Ucrânia, após na véspera se ter avistado em Lviv, no oeste do país, com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
De seguida, Guterres deverá seguir para Istambul, para visitar o Centro de Coordenação Conjunta que fiscaliza o cumprimento da Iniciativa do Mar Negro.