Ludmila Ulitskaya: “Devemos falar abertamente, mesmo que essa voz seja a de alguém a gritar no deserto”
É um nome repetido a cada Outono quando se aproxima o Nobel. A escritora de 79 anos tem uma das obras mais consistentes da literatura russa actual. Que o Ocidente vai descobrindo lentamente. Nela fala dos conflitos civilizacionais através de personagens e circunstâncias domésticas. E é uma voz pública contra os abusos do regime de Putin. A escritora saiu de Moscovo em Março e não sabe se a Moscovo voltará. Nesta entrevista ao Ípsilon diz temer pelo futuro da cultura russa.
No dia 26 de Março, Ludmila Ulitskaya, um dos nomes mais respeitados da literatura russa moderna, saiu de Moscovo e instalou-se em Berlim sem fazer ideia se algum dia regressará ao seu país. “A decisão não foi nossa — minha ou do meu marido — mas do meu filho mais velho. Um dia ele chegou a casa e disse que tínhamos de ir embora”, conta a escritora ao Ípsilon quando passam quase seis meses do início da guerra na Ucrânia. Dois dias depois da invasão, escreveu: “dor, medo, vergonha — é o que sinto hoje”.
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