Marcelo: “Seria insensatez fazer avaliação do combate aos fogos a meio do percurso”

Presidente da República destacou a complexidade do incêndio da serra da Estrela e advertiu para as próximas duas semanas “difíceis”.

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Presidente da República numa reunião com os responsáveis da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil LUSA/MIGUEL A. LOPES

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, escusou-se a dizer se houve falhas ou descoordenações no combate aos incêndios deste Verão, nomeadamente nos fogos que atingiram a serra da Estrela, remetendo avaliações para o fim da campanha. A posição foi transmitida aos jornalistas depois de uma reunião com os responsáveis da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil.

“Esse tipo de avaliação não deve ser feita a meio de uma campanha. Seria uma insensatez estar a fazer avaliações a meio do percurso. Eu próprio tive noção de que era uma situação muito complexa, em termos naturais, não apenas meteorológicos mas orográficos: a própria serra da Estrela tem dificuldades especiais; por outro lado, também tive exacta noção, em diálogo com os autarcas, de como era difícil enfrentar uma realidade em que bastava a mudança do vento”, afirmou, comparando a campanha de combate aos incêndios com uma “guerra”.

Ao lado do ministro da Administração Interna e da secretária de Estado da mesma tutela, o Presidente da República agradeceu aos “portugueses que se empenharam na primeira fase”, que “foi bem-sucedida” e advertiu “sem dramatizações mas com responsabilidade” para a próxima etapa, na viragem para Setembro, que se prevê “mais complicado do que o anterior em temperaturas, humidades e ventos”.

Marcelo Rebelo de Sousa apelou aos portugueses que evitem factores de risco mas assegurou que as autoridades estão preparadas. “Pude verificar que há da parte de todas as entidades no terreno uma preparação cabal daquilo que nos pode esperar nas próximas semanas, há uma noção exacta de que estamos a enfrentar um desafio de todos”, afirmou, salientando a “unidade em termos de poder político”, envolvendo “naturalmente o Presidente da República, o Governo mas também aqueles que têm tido um protagonismo importante e para os quais vai uma palavra minha (...) os autarcas”, que o chefe de Estado considera que “têm sido inexcedíveis”.

Questionado pelos jornalistas sobre se os operacionais têm sido extraordinários no combate aos fogos, o Presidente assinalou diferenças nos incêndios que têm ocorrido não só em Portugal como no estrangeiro. “As ocorrências são menos numerosas mas há factores onde elas aparecem que mostram a severidade da seca, das temperaturas, os níveis de humidade que eram impensáveis em anos anteriores e os ventos. Há novas realidades nestes fogos cá dentro e lá fora”, afirmou.

Sobre a comparação com o ano de 2017, em que aconteceu a tragédia de Pedrógão Grande e os incêndios de Outubro, Marcelo disse ter visto nessa altura “situações que não têm comparação com o que se vê hoje em número de vítimas, tempo de resposta às ocorrências, danos patrimoniais e sobretudo de danos pessoais”, considerando que são “situações de gravidade muito acima do que aconteceu até agora”.

O Presidente da República referiu que esta sexta-feira serão anunciadas medidas para as próximas semanas, mas que não quis antecipar. São medidas “adequadas mas não tão gravosas” como anteriormente, explicou, referindo-se à declaração da situação de contingência no início de Julho devido ao agravamento do risco de incêndios.

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