Festival ESTALEIRO leva África Negra, Kelman Duran e Maria Reis a Esposende
O evento, na sua segunda edição, acontece nos dias 9 e 10 de Setembro no antigo estaleiro naval da cidade.
Com um alinhamento curto, mas muito honroso, o festival ESTALEIRO regressa ao complexo do Centro de Actividades Náuticas SABSEG – ou seja, o antigo estaleiro naval de Esposende – depois de dois anos a tentar fintar as contingências da pandemia com um programa de residências artísticas.
A música ao vivo volta agora numa edição revista e aumentada: em dois dias num recinto renovado, com um alinhamento que congrega veteranos (mas sem tiques de nostalgia) e nomes que dão conta de algumas valiosas coordenadas da música feita hoje, para descobrir ou rever longe do chinfrim dos grandes festivais de Verão.
No primeiro dia, 9 de Setembro, o multi-instrumentista, cantor, compositor e produtor brasileiro Domenico Lancellotti, cúmplice de músicos como Caetano Veloso, Gal Costa, Arto Lindsay ou Gilberto Gil, junta-se a Nina Miranda, a icónica voz dos Smoke City e propulsora do trip-hop no Brasil.
De fora vêm também os parisienses Muram Tsuladze, trio que entrelaça, de forma festiva, performativa e acetinada, synth-pop, electrónica, rock e música tradicional dos Balcãs e da Anatólia; e os galegos Mundo Prestigio, descendentes da escola indie espanhola, entre o rock soalheiro, a pop hipnagógica e exercícios de sampling informados pelo hip-hop instrumental.
A primeira noite do festival fecha com curadoria da editora de música electrónica Mera Label, sediada no Porto. A pista será activada com electro, acid, breakbeat e drum'n'bass por DJ OTSOA, produtor do clube Passos Manuel, co-fundador da Mera e do colectivo Ócio, e por Nalu, DJ brasileira a viver em Portugal, membro da editora Goma Rec. e do Coletivo Arruaça, em Porto Alegre.
Ao segundo dia, o ESTALEIRO recebe convidados especiais: os África Negra, peça fundamental do património cultural de São Tomé e Príncipe, e referência para muitos angolanos e cabo-verdianos, particularmente no período pós-independência. Fundado em 1974 para tocar nos fundões (bailes ao ar livre) de São Tomé, o grupo foi pondo em diálogo a tradição local com outras músicas africanas, como o soukous e o highlife.
Destaque também para Kelman Duran, DJ e produtor americano-dominicano, formidável artesão da música afro-caribenha, especialista em reinventar e ampliar o reggaeton, e não só – é o produtor de I’m that girl, canção de abertura do novo disco de Beyoncé, Renaissance. Numa geografia mais ou menos próxima está Ortiga, galego que manobra uma fusão a quente entre indie pop, cumbia, merengue e bachata.
Nos nomes nacionais, Maria Reis, imperdível, num concerto que passará pelo seu último álbum, o infalível Benefício da Dúvida, em que a cantora e compositora da Cafetra se reencontra com o grunge e o rock mais directo e emotivo, sempre a meio caminho entre a música portuguesa do presente e do passado, naquele que é já um dos melhores discos do ano.
Música electrónica de diferentes vocabulários preenche o resto do dia e da noite: a artista audiovisual Joana de Sá apresenta o álbum de estreia Shatter, onde explora loops de guitarra e sintetizadores num corpo ambient, e as DJ Telma e Chima Hiro entrarão pelos territórios do house, do tecno, do acid e do jazz.
O ESTALEIRO é uma co-produção do NICE – Núcleo de Intervenção Cultural de Esposende e d’A Macho Alfa – Associação Cultural de Barcelos, com o apoio da Câmara Municipal de Esposende. Os bilhetes em pré-venda, disponíveis no site oficial, custam 12,50 euros para um dia, 20 euros para os dois.