Chega propõe comissão independente para analisar incêndio na serra da Estrela
À semelhança do que aconteceu com o incêndio de Pedrógrão Grande, o Chega apresentou um projecto de resolução para se criar uma comissão técnica independente para apurar as causas do incêndio da serra da Estrela.
O Chega propõe a criação de uma comissão técnica independente para analisar o incêndio que lavra na serra da Estrela há mais de uma semana, considerando necessário “apurar causas, encontrar medidas preventivas e melhorar procedimentos operacionais”.
O partido entregou na Assembleia da República um projecto de resolução (iniciativa sem força de lei) no qual recomenda “que seja criada uma comissão técnica independente para analisar o incêndio que teve origem na Covilhã e que consumiu parte substancial do Parque Natural da Serra da Estrela, uma área natural protegida e classificada pela UNESCO, e, portanto, Património da Humanidade”.
Para o partido de extrema-direita, este incêndio, que deflagrou no dia 6 de Agosto no concelho da Covilhã, “está na origem de uma das maiores catástrofes naturais que ocorreram nos últimos anos” em Portugal.
“Tal como em 2017, após a tragédia provocada pelos incêndios de Pedrógão Grande e de Góis, que tiveram como consequência um enorme conjunto de vítimas mortais, também agora, perante aquele que já é considerado o “pior incêndio de sempre num parque natural português”, importa apurar causas, encontrar medidas preventivas e melhorar procedimentos operacionais para que situações idênticas não voltem a ocorrer”, defende o Chega na iniciativa à qual a agência Lusa teve acesso.
O partido deixa várias questões que quer ver respondidas: “Como é que cinco anos depois dos grandes incêndios de Junho e Outubro de 2017, ocorreu mais uma vez em Portugal uma tragédia destas dimensões, num parque natural? Que condições propiciaram o deflagrar das chamas? Existiam indícios meteorológicos ou outros que prenunciassem esta situação? Poderia o incêndio ter sido detectado com maior antecedência? O ataque inicial foi o mais adequado? A coordenação do ataque foi eficaz? O que deve e tem de ser feito para evitar que incêndios desta dimensão voltem a ocorrer?”
“Desta forma, tendo em conta a dimensão e a gravidade desta ocorrência, em particular, face à importância da área protegida que ardeu, torna-se mais uma vez de grande valia, tal como ocorreu em 2017, a criação de uma comissão técnica constituída por peritos independentes, a funcionar junto da Assembleia da República, capaz de responder, de forma imparcial e objectiva, a estas e a outras questões consideradas relevantes e de propor soluções que evitem futuras situações análogas”, salienta o Chega.
Em comunicado, o partido aponta que o incêndio na serra da Estrela “foi elucidativo da falta de coordenação, de estratégia e da ineficiência dos meios utilizados pelo Governo no combate aos fogos em 2022” e considera que “esta desorientação governativa tem de ser investigada e tem de ter consequências políticas e institucionais”.
“O Governo anunciou entretanto que a investigação ficará a cargo da Comissão para a Gestão de Fogos Rurais. Esta entidade não oferece, na perspectiva do Chega, as necessárias garantias de imparcialidade e objectividade requeridas para uma investigação completa neste assunto tão relevante”, critica ainda.
O jornal Público adiantou, na edição de terça-feira, que os grandes incêndios deste ano serão investigados pela Comissão Nacional para a Gestão Integrada de Fogos Rurais. Em declarações à Lusa, o presidente desta entidade, Tiago Oliveira, indicou que esta investigação deve estar concluída em Outubro.
O incêndio que lavra na serra da Estrela deflagrou no dia 6 de Agosto em Garrocho, no concelho da Covilhã, e foi dado como dominado no sábado, dia 13, mas sofreu uma reactivação na segunda-feira. O fogo atingiu também os concelhos de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, todos no distrito da Guarda.