Ser bombeira voluntária é envergar uma farda vermelha e azul, onde se tem cada vez mais conhecimento e responsabilidade em servir mais e melhor a sociedade.
Ser bombeira voluntária é poder continuar a servir a sociedade com o conhecimento académico e experiência profissional que a minha profissão me vai dando diariamente
Ser bombeira voluntária deixou de ser para mim, há muito tempo, o simples dar sem receber nada em troca que nos era transmitido aquando da nossa formação, passando a ser uma forma de estar na vida e da qual considero que recebemos muito, ao saber que contribuímos para minimizar a dor, o mal-estar, a aflição do outro, ao se estar presente no momento em que mais necessitou de auxílio.
Foi nesta escola de voluntariado que valores como o humanismo, o respeito pelo outro, o respeito pelas regras, o espírito de equipa, a liderança, entre outros, evidenciaram-se com maior intensidade para mim. Alienado a isso, surgiu também um sentimento de pertença a esta família que são os bombeiros voluntários e que nos motiva a ficar e a contribuir para a diferença.
Ser bombeira voluntária é sair com uma missão do quartel e desconhecer por completo o teatro de operações que se vai encontrar, criando o maior número de cenários possíveis na nossa imaginação, com a informação que nos é dada por quem se encontra frágil e resistente ao “interrogatório chato”, que é tão importante para a nossa intervenção.
O conhecimento teórico e prático que adquirimos durante a nossa formação inicial de bombeiro permite-nos adquirir conhecimentos que transportamos para a nossa vida pessoal e profissional. Com os bombeiros, eu aprendi a cortar uma árvore, a lidar com uma frigideira a arder quando nos esquecemos do óleo a aquecer, a ligar para o 112 para pedir ajuda para quem está a sentir-se mal, sabendo como prestar auxílio até essa ajuda diferenciada chegar.
No fundo, continuo com o mesmo pensamento que tinha em 2008 e que me levou a entrar pelas portas vermelhas do quartel dos Bombeiros Voluntários de Coimbra: ser bombeira voluntária deixa-me mais preenchida enquanto pessoa, sinto que o meu tempo e a minha passagem por cá não foram em vão. Aqui dá-se o nosso melhor em prol do bem-estar do outro e não há valor que pague isso. Não há ninguém que nos tire essa sensação de missão cumprida, até mesmo quando a sociedade em geral se esquece que nós, bombeiros, continuamos aqui, depois dos incêndios de Verão e das inundações do Inverno, para fazer o melhor que sabemos que é servir a cidade de Coimbra, o distrito e o resto do país, se assim nos pedirem.
Por fim, ser bombeira voluntária é vestir a farda com prontidão e orgulho. Mesmo depois dos 65 anos, quando nos disserem que fisicamente não podemos continuar a exercer missões fardados nos teatros de operações, o bombeiro continuará a exercer missões em espírito e nas acções do seu dia-a-dia, porque entrando nesta família só se sai no renascer das cinzas, tal como a nossa fénix.