Ucrânia sugere estar por trás de novos ataques destruidores na Crimeia

Esta guerra “começou com a Crimeia e deve terminar com a Crimeia — com a sua libertação”, afirmou o Presidente Zelensky na véspera das explosões que atingiram uma base aérea russa.

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Colunas de fumo na zona de Dzhankoi, na península anexada Reuters

Uma semana depois das violentas explosões na base aérea de Saki, na Crimeia, vários alvos militares na península, incluindo um depósito de munições, foram atingidos por explosões e terão sido destruídos. A Rússia começou por desvalorizar o sucedido como resultado de um incêndio, mas denunciou, entretanto, uma “sabotagem”; a Ucrânia não reivindicou claramente os ataques, mas Mykailo Podolyak, conselheiro do Presidente, Volodymyr Zelensky, descreveu o ataque como exemplo da “desmilitarização em acção”.

As explosões, na zona de Dzhankoi, no Norte da Península, atingiram ainda um importante centro ferroviário usado para transportar tropas russas e equipamento militar para Melitopol (cidade no Sudeste da Ucrânia, ocupada pouco depois do início da invasão russa, a 24 de Fevereiro).

E segundo o jornal russo Kommersant, foram ainda ouvidas uma série de grandes explosões num aeródromo perto da localidade de Hvardeyskye, a pouca distância da capital regional, Simferopol. Imagens de satélite do aeródromo antes deste ataque mostram um grande número de caças Sukhoi no local.

Uma semana antes, o ataque em Saki deixou pelo menos oito aviões incinerados, ao mesmo tempo que levou à fuga de turistas que estavam numa praia nas imediações.

“Um lembrete: a Crimeia de um país normal tem o mar Negro, montanhas, entretenimento e turismo, mas a Crimeia ocupada pelos russos tem explosões em armazéns e alto risco de morte para invasores e ladrões”, escreveu Podolyak no Twitter. Um responsável ouvido sob anonimato pelo diário The New York Times garante que a destruição do depósito de munições é obra de uma unidade de elite do Exército ucraniano infiltrado no território ocupado; um oficial disse ao jornal The Guardian que a Ucrânia tem membros dos serviços secretos a trabalhar atrás das linhas inimigas.

Já a semana passada, na véspera do ataque à base de Saki, Zelensky afirmara que “a guerra russa contra a Ucrânia e contra toda a Europa livre começou com a Crimeia [anexada pela Rússia em 2014] e deve terminar com a Crimeia — com a sua libertação.”

Estes ataques estão a assustar a população da península, que serve de base ao Exército russo para as suas operações no Sul da Ucrânia, mas que até há pouco tempo tinha sofrido poucas consequências da guerra ordenada por Vladimir Putin.

A semana passada foram divulgadas imagens de filas de trânsito de pessoas que estariam a tentar sair da Crimeia, incluindo na ponte Kerch, que liga a península ao território russo de Krasnodar. Desta vez, há imagens de pessoas à espera na estação de comboios de Simferopol, a segunda maior cidade da Crimeia, mas as informações disponíveis indicam que as viagens de comboio foram interrompidas por causa das explosões que atingiram as linhas.

Continua por perceber exactamente como é que os ucranianos terão conseguido atingir estes alvos, mas Putin tinha considerado que a utilização de mísseis de longo alcance fornecidos por países ocidentais (nomeadamente os Estados Unidos) seria uma linha vermelha.

O que parece certo é que a Rússia, que mantém o foco dos seus ataques nas cidades do leste de Donetsk, no Donbass, não estaria à espera de se ver sob fogo na Crimeia: foi aqui, a 28 de Fevereiro de 2014, que soldados russos e homens armados tomaram os edifícios do Parlamento e do Governo, iniciando um longo conflito que este ano sofreu uma vertiginosa escalada com a invasão em grande escala da Ucrânia.

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