Bombardeamento na central nuclear de Zaporijjia faz um morto e dois feridos
Zelensky ordena ataque a soldados russos que comprometam segurança da central. Para além de Kiev, 42 países, pediram à Rússia que retire as suas forças militares para evitar uma catástrofe nuclear.
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Um funcionário da central de Zaporijjia morreu e dois outros ficaram feridos na sequência de novos bombardeamentos na zona, disseram as autoridades ucranianas no domingo. A empresa ucraniana que supervisiona as centrais nucleares do país, Energoatom, disse, no Telegram, que a Rússia já levou a cabo, pelo menos, seis ataques contra a cidade de Energodar, onde vivem grande parte dos trabalhadores da central, segundo o New York Times.
Nos últimos dias, vários residentes têm deixado as suas casas devido aos ataques à central, que têm levado a uma troca de acusações entre a Ucrânia e a Rússia.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que as suas forças militares passarão a atacar todos os soldados que abram fogo na região da maior central nuclear da Europa. A decisão visa proteger a central e fazer frente às alegações de Moscovo de que os militares ucranianos têm atingido directamente o local, comprometendo a segurança da central.
Zelensky afirmou que qualquer pessoa que dê ordens para atacar o local ou cidades próximas, arriscando um acidente nuclear, deverá ser julgada por um tribunal internacional.
“Todos os soldados russos que disparem dentro da zona da central, ou que utilizem a região para disparar mísseis contra soldados ucranianos, deverão compreender que se tornam num alvo especial para os nossos serviços de inteligência militar, para os nossos serviços especiais e para o nosso exército”, afirmou Zelensky no sábado à noite.
Por seu lado, o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, acusou a Rússia de atacar a zona da central onde é gerada a energia que alimenta toda a região sul da Ucrânia. “O objectivo é desligar-nos e culpar o exército ucraniano por qualquer desastre”, disse Podolyak.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que pretende inspeccionar a central no local, alertou para um possível desastre nuclear, a menos que os combates cessem. Especialistas nucleares temem que os combates possam danificar os contentores de combustível usado ou os próprios reactores, ainda que as paredes das áreas-chave da central tenham sido projectadas para resistir a impactos de grande envergadura.
Este domingo, 42 países, incluindo EUA, Japão e Reino Unido, além da União Europeia, pediram à Rússia que retire imediatamente as forças militares da central.
“A presença de forças militares russas na central nuclear de Zaporijjia impede que o operador e as autoridades ucranianas cumpram as suas obrigações de segurança nuclear e de radiação”, afirmaram em comunicado.
Rússia acusa ONU de se distanciar do problema em Zaporijjia
Ao longo da última semana, Moscovo reconheceu que os combates em torno da central nuclear são perigosos, ainda que continue a culpar as forças militares ucranianas.
O diplomata russo Mikhail Ulianov lamentou que as Nações Unidas estejam cada vez mais longe do problema uma vez que, na sua perspectiva, não mostram intenções verdadeiras de visitar o local para evitar uma possível catástrofe.
“A AIEA pediu ajuda para organizar uma missão, mas a ONU está bastante distante dessa questão”, lamentou Ulianov, representante permanente da Rússia junto às organizações internacionais em Viena –, onde a agência das Nações Unidas tem a sua sede.
“O papel da ONU, neste caso, reduz-se a dar luz verde para que a AIEA possa ir ao terreno. Acreditamos que esta visita não deve ser adiada e que seria positivo realizá-la no final de Agosto ou no princípio de Setembro”, acrescentou.
Ainda assim, o diplomata reconhece que é uma questão delicada. “Não podemos enviar uma equipa internacional sob constantes ataques de artilharia. Esse é o principal obstáculo”. Neste sentido, pediu à Ucrânia que cesse as suas actividades militares e que “garanta a segurança dos participantes desta missão.
Tropas russas capturaram a central nuclear de Zaporijjia, responsável por até 20% das necessidades de energia da Ucrânia, no início da guerra. Apenas dois dos seus reactores estão em funcionamento e a Ucrânia continua a acusar Moscovo de tentar religar a central à Crimeia e cortar o fornecimento de electricidade às cidades ucranianas.