Rússia ameaça romper relações diplomáticas com os EUA se os seus bens congelados forem usados para reconstruir a Ucrânia

Moscovo reagia à possibilidade de parte dos 640 mil milhões de euros em reservas de ouro e activos russos congelados depois da invasão da Ucrânia serem confiscados.

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Marcas da guerra num edifício em Irpin, nos arredores da capital ucraniana, Kiev SERGEY DOLZHENKO/EPA

Qualquer possível apreensão de activos russos pelos Estados Unidos destruirá completamente as relações bilaterais de Moscovo com Washington, afirmou este sábado o director do departamento norte-americano do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Darchiev.

“Avisámos os americanos das consequências de tais acções que prejudicarão permanentemente as relações bilaterais, o que não é do interesse deles nem do nosso”, sublinhou Darchiev numa entrevista à agência russa TASS.

Autoridades ocidentais, nomeadamente o alto responsável pela diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, sugeriram confiscar as reservas da Rússia que foram congeladas depois da invasão russa da Ucrânia para ajudar a financiar a futura reconstrução da Ucrânia. Até ao momento, ainda não ficou claro que reservas são estas e que activos russos continuarão a ser congelados.

Ainda assim, os Estados Unidos e os seus aliados europeus já congelaram mais de 30 mil milhões de euros em activos provenientes de milionários russos com vínculos ao Presidente Vladimir Putin, incluindo iates, helicópteros, imóveis e obras de arte, segundo o Governo norte-americano.

Darchiev acrescentou ainda que a Rússia avisou os EUA que os laços diplomáticos entre os dois países seriam danificados e poderiam até ser rompidos caso o seu país fosse declarado um Estado patrocinador do terrorismo. A seu ver, a influência dos EUA em Kiev tem vindo a aumentar na medida em que “os americanos se estão a tornar cada vez mais uma parte directa no conflito”.

As relações da Rússia com o Ocidente deterioraram-se drasticamente desde que Moscovo enviou dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia a 24 de Fevereiro, para aquilo que continua a chamar de “operação militar especial”.

O Ocidente respondeu com sanções económicas, financeiras e diplomáticas sem precedentes, incluindo o congelamento de cerca de metade das reservas de ouro e divisas da Rússia, perto de 640 mil milhões de euros, antes de 24 de Fevereiro.