Presidente da Serra Leoa chama “terrorismo” aos protestos contra o seu Governo que fizeram 21 mortos
Manifestações contra o executivo por causa da crise económica e o aumento do custo de vida resultaram em choque com a polícia. Julius Maada Bio fala em intrumentalização política.
Os protestos que duram há dias em várias cidades da Serra Leoa contra o Governo do Presidente Julius Maada Bio já redundaram em pelo menos 21 mortos e 130 detidos. O chefe de Estado, que tem estado ausente do país, qualificou os protestos como “terrorismo na sua máxima expressão” e falou em instrumentalização política.
“Com certeza que o se passou não foi um protesto, foi terrorismo na sua máxima expressão”, disse esta sexta-feira o chefe de Estado à BBC. “Temos alguns serra-leoneses que vivem na diáspora que na quarta-feira ameaçaram com desatar o terror na Serra Leoa”, acrescentou Maada Bio.
Entre os 21 mortos contam-se oito polícias mortos na quarta-feira, na capital, Freetown, o que levou o vice-presidente Mohamed Juldeh Jalloh, a mais alta figura do executivo na ausência do Presidente, a decretar o recolher obrigatório na quinta-feira.
Além de pedirem soluções para a crise económica que o país atravessa e para o aumento do custo de vida, os manifestantes também mostraram a sua indignação em relação à corrupção e aos excessos da polícia. Escolhendo como alvo o Presidente e a sua intenção de se recandidatar a novo mandato nas eleições previstas para Junho de 2023.
Para Bio, há uma intenção “política” por trás dos protestos, embora tenha admitido que o país passa por “dificuldades”, sobretudo para os mais jovens, mas garantiu que o seu Governo tem feito “muito” para resolver os problemas.
O principal partido da oposição, Congresso de Todo o Povo (APC), a quem Maada Bio e o seu partido acusam de estar por trás dos protestos (e que o Presidente apelidou de “terrorista” em 2018), condenou a violência das manifestações.