Estudo revela como diferentes gerações lidam com desinformação

Como é que diferentes gerações lidam com a desinformação online? Um estudo feito pela Google, pelo Instituto Poynter e pela YouGov tenta responder com base em mais de 8500 inquéritos em sete países. Quem faz parte da Geração Z diz que usa mais tácticas de verificação de factos, mas também acredita mais que partilha desinformação por engano.

Foto
?As gerações mais novas acreditam que são melhores a detectar desinformação EPA/ETIENNE LAURENT

Os jovens têm mais probabilidade de acreditar que partilharam desinformação, por engano, do que outras gerações. Em parte, porque sentem mais pressão para partilhar e reagir instantaneamente a conteúdos que despertam emoções fortes nas redes sociais. Independentemente da idade, porém, as pessoas evitam corrigir quem publica informação falsa na Internet – em particular quando vem de pessoas que não conhecem pessoalmente. Estas são algumas das conclusões de um novo estudo global sobre literacia mediática e informação online que foi publicado nesta quinta-feira.

A análise resulta de uma parceria entre a Google, a empresa de pesquisa de mercado YouGov e o instituto Poynter, uma das mais reputadas escolas de Jornalismo dos Estados Unidos. Os dados, que foram recolhidos entre Junho e Julho deste ano, incluem respostas de mais de 8500 pessoas com idades compreendidas entre a Geração Z (18 aos 25 anos) e a chamada “Geração Silenciosa” (maiores de 68 anos). Pessoas da Alemanha, Brasil, EUA, Índia, Japão, Nigéria e Reino Unido partilharam a forma como verificam a informação que encontram online e como lidam com a desinformação.

Regra geral, a informação falsa faz parte da dieta mediática de todos os inquiridos. Independentemente do país, mais de 60% das pessoas que responderam aos inquéritos dizem que encontram desinformação online todas as semanas. E quase 40% dos inquiridos pensam que já partilharam notícias falsas acidentalmente (esta sensação é mais comum nas gerações mais novas, entre os 18 e os 41 anos).

Quem partilhou desinformação fê-lo porque acreditava que a informação era fiável na altura (55%), ou porque estava a reagir impulsivamente a emoções despertadas pela leitura (32%). Há também quem partilhe desinformação porque está de acordo com a sua visão política e ideológica (17%) ou porque quer abrir um debate (18%).

As gerações mais novas (Geração Z, Millennials e Geração X e — ou seja, pessoas entre os 18 e os 57 anos) acreditam que são melhores a detectar desinformação.

Poucos corrigem informação falsa

Poucos inquiridos se sentem confortáveis para corrigir informação falsa que encontram na Internet, em particular se vier de pessoas que não conhecem pessoalmente. Isso é mais comum na chamada “Geração Silenciosa” (maiores de 68). Os Millennials (entre os 26 e os 41 anos) são quem mais corrige pessoas desconhecidas na Internet (25%).

Quando algo é suspeito, os mais jovens optam por uma “pesquisa lateral”: isto significa abrir vários separadores online para verificar as fontes e origens de uma manchete. Por vezes, são usados múltiplos motores de busca para confirmar resultados.

Cerca de 50% dos inquiridos entre os 18 e os 41 anos explicam que validam aquilo que lêem online através de uma pesquisa num motor de busca (por exemplo, o Google ou o Duck Duck Go). A segunda opção mais popular é perguntar sobre a informação que se leu online num serviço de mensagens como o WhatsApp, o Telegram ou o Signal. Estes procedimentos são menos comuns na Geração Silenciosa (maiores de 68 anos).

O director da MediaWise, uma iniciativa do Instituto Poynter para promover a literacia mediática, não ficou desanimado com os números. “Um terço dos inquiridos diz que corrige sempre ou quase sempre alguém que conhece”, sublinhou o responsável da MediaWise, Alex Mahadevan, na apresentação do estudo. “Fiquei agradavelmente surpreendido”, comenta. “Estas são conversas importantes, porque informações falsas ou enganadoras especialmente sob a forma de esquemas ou conselhos de saúde – podem realmente prejudicar os adultos mais velhos.”

Sugerir correcção
Comentar