Perplexa com declarações de ministra, CAP garante não ceder a “bullying político”

“Não cederemos um milímetro a este bullying político e continuaremos a ser a voz de defesa dos agricultores sempre e em todas as ocasiões”, afirma a CAP.

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Eduardo Oliveira e Sousa preside à CAP desde 2017 Nuno Ferreira Santos

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) classificou como “perplexizantes” as declarações da ministra da Agricultura, que defendeu carecerem de explicação, e garantiu não ceder ao que diz ser “bullying político”.

Na quarta-feira, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, instada pelos jornalistas a responder a críticas dirigidas à tutela pelo secretário-geral da CAP, que disse ser “inexistente” a resposta do Governo para mitigar o impacto da seca no sector da produção e alimentação animal, devolveu a pergunta: “É melhor perguntar porque é que durante a campanha eleitoral a própria CAP aconselhou os eleitores a não votar no Partido Socialista”, retorquiu.

Num comunicado divulgado esta quinta-feira, a CAP defendeu que estas declarações são “perplexizantes” e que carecem de explicação. “Apelamos ao escrutínio do verdadeiro sentido destas declarações. Não cederemos um milímetro a este bullying político e continuaremos a ser a voz de defesa dos agricultores sempre e em todas as ocasiões [...]. São declarações que parecem-nos ser pouco saudáveis no Estado de direito democrático e que têm que ser explicadas”, vincou a confederação.

A CAP notou ainda que a campanha eleitoral terminou há mais de seis meses, questionando o que é que esta tem a ver com a “falta de pagamentos” aos agricultores. “A ministra não paga aos agricultores e adia decisões por retaliação política à CAP?”, inquiriu.

No mesmo documento, a confederação dos agricultores esclarece que, em 17 de Janeiro, no decurso da campanha eleitoral, apelou à “rejeição do voto” no PS e em todos os partidos “que tivessem intenção de coligar-se com o PAN ou com todos os partidos anti-agricultura e anti-mundo rural”.

Após as eleições legislativas, a CAP disse ter felicitado o PS, referindo que o resultado eleitoral implicaria uma “grande responsabilidade” política. “Estará Maria do Céu Antunes, com este ataque gratuito e extemporâneo, à altura dessa responsabilidade?”, questiona a confederação.

A ministra da Agricultura garantiu, na quarta-feira, que o Governo “está a fazer tudo” para apoiar o sector, através de apoios extraordinários, sublinhando que existe uma verba de 100 milhões de euros que está comprometida aos agricultores.

“O Ministério da Agricultura já disponibilizou e anunciou um conjunto de apoios que permitem aos agricultores ter previsibilidade, inclusivamente poderem fazer intervenções junto da banca [...]. São mais de 100 milhões de euros, neste momento, que estão comprometidos para chegar aos agricultores”, disse, na altura, Maria do Céu Antunes.

A titular da pasta da Agricultura falava aos jornalistas à margem de uma visita a uma unidade de produção de citrinos no Morgado da Torre, em Portimão, que se encontra a ser abastecida por água proveniente de dois furos recentemente reabilitados.