Cuba volta a desligar uma das maiores centrais termoeléctricas do país

Mesmo com o incêndio no depósito de combustíveis do porto de Matanzas controlado, a central termoeléctrica António Guiteras voltou a ser fechada. Défice crónico de energia em Cuba vai acentuar-se.

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O incêndio nos depósitos de combustível no porto de Matanzas foi dado como controlado ao fim de cinco dias Ernesto Mastrascusa/EPA

A empresa pública cubana de energia Unión Elétrica (UNE) voltou a desligar na quarta-feira uma das maiores centrais eléctricas de Cuba, devido à escassez de água para arrefecer a central termoeléctrica. Isto, horas depois das operações terem sido restabelecidas, após se ter dado por controlado o incêndio nos depósitos de combustível de Matanzas, porto a uma centena de quilómetros de Havana.

Num comunicado, a empresa garantiu que, “assim que estiver prevista alguma alteração, será comunicada em tempo oportuno”.

O Ministério da Energia e Minas havia ordenado na segunda-feira o encerramento da central termoeléctrica Antonio Guiteras, de Matanzas, situada a apenas cinco quilómetros do incêndio no incêndio de grandes proporções, que começou na sexta-feira com um relâmpago que atingiu um dos depósitos e se propagou até destruir quatro dos oito depósitos antes de ser dado por controlado esta quarta-feira. O balanço oficial é de um morto e 16 desaparecidos, presumivelmente mortos.

Na altura, a UNE confirmou que a central tinha sido encerrada por causa do incêndio em Matanzas.

Na terça-feira, a central Guiteras ainda esteve em operação durante 17 minutos, mas só na manhã de quarta-feira tinha sido ligada, no que se pensava que seria o reatar normal das operações.

Às 12h de quarta-feira (07h em Portugal continental), o director técnico da UNE, Lázaro Guerra, dizia à televisão pública que a central estava a contribuir com 215 megawatts (MW) para o sistema nacional, mas alertava que havia um problema de consumo excessivo de água que os técnicos estavam a tentar resolver, alertou que estavam a tentar corrigir problemas de consumo excessivo de água.

Para esta quinta-feira, a UNE previu um défice energético de 30% da capacidade de geração nas horas de pico, o que irá implicar apagões prolongados no país.

A paragem da central Guiteras vem agravar ainda mais a crise energética na ilha. Os 3000 megawatts de capacidade de geração de energia existentes em Cuba, apenas 1824 estavam em funcionamento até agora. Sem a central de Matanzas, o défice agrava-se ainda mais.

As quedas de energia – devido a falhas e quebras nas centrais termoeléctricas, falta de combustível e manutenção programada – afectam diferentes áreas de Cuba há meses, incluindo, desde este mês, a capital, Havana.

Os “apagões” duram, por vezes, mais de dez horas consecutivas. No mês de Julho, segundo os dados da UNE, citados pela agência Efe, foram registados “apagões” em 29 dos 31 dias.

Uma manifestação esporádica foi realizada na semana passada em Santiago de Cuba, uma das maiores cidades da ilha, em protesto contra os contínuos “apagões” e a difícil situação económica que a cidade enfrenta.