Raquel Seruca homenageada com inclusão do seu nome em consórcio de investigação em cancro
O Porto Comprehensive Cancer Center ganha agora o nome de Raquel Seruca, como reconhecimento do empenho e dedicação da investigadora que morreu em Maio deste ano.
O Centro Integrado de Cancro do Porto (Porto Comprehensive Cancer Center com a sigla P.CCC) passará a incluir o nome de Raquel Seruca, investigadora portuense que morreu em Maio deste ano - anunciaram, esta quinta-feira, Instituto Português de Oncologia do Porto e o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).
As direcções das duas instituições decidiram alterar o nome do consórcio para Porto Comprehensive Cancer Center Raquel Seruca, como “reconhecimento do empenho e dedicação” que a investigadora teve no desenvolvimento do projecto. Este consórcio para a investigação em cancro, pioneiro em Portugal, pretende encurtar e aperfeiçoar o ciclo de descoberta científica em doenças neoplásicas e pré-neoplásicas, através do reforço da investigação de translação.
“Graças à Raquel, alma e corpo da iniciativa, testemunharemos o sucesso do P.CCC centrado nas pessoas com organização e competência”, sublinha Manuel Sobrinho Simões, director do Instituto de Patologia e Imunologia da Universidade do Porto (Ipatimup), que integra o i3S.
A investigadora, que coordenou a elaboração da candidatura do projecto “TeamUp4Cancer” aos fundos do Norte2020, tendo conquistado um financiamento superior a 15 milhões de euros para melhorar o diagnóstico e tratamento de doentes com cancro, morreu recentemente vítima de doença oncológica.
Para o director do i3S, Claudio Sunkel, o trabalho desenvolvido por Raquel Seruca “tornou possível a aquisição e implementação de novos equipamentos e infra-estruturas, assim como a contratação de recursos humanos especializados que permitirão fazer investigação de ponta em cancro, com a preocupação de conhecer melhor os mecanismos moleculares de cada tumor e transferir esse conhecimento para novas ferramentas de rastreio, diagnóstico precoce e tratamento de cancro.” Este processo “permitirá desenvolver uma estratégia inovadora de acompanhamento e tratamento personalizado dos doentes”, acrescenta em comunicado.
“A Raquel depositava uma enorme esperança no P.CCC como iniciativa de mudança da forma de fazer ciência. Ela funcionou como o elemento catalisador das vontades das duas instituições em unirem esforços para conseguirem chegar mais próximo do que realmente necessitam os doentes com cancro”, diz o presidente do conselho de administração do IPO Porto, Rui Henrique.
“Ao juntar à designação do P.CCC o nome da Raquel, estamos, não apenas, a realizar homenagem a uma mulher e cientista excepcional, mas também a assumir um compromisso colectivo, pessoal e institucional, de que trabalharemos para concretizar o seu sonho e a sua visão”, acrescentou.
Na altura em que foi anunciado o financiamento para o P.CCC, Raquel Seruca sublinhava que, “pela primeira vez em Portugal, vai poder-se cumprir todo o ciclo que vai desde a identificação dos mecanismos alterados nas células tumorais até aos ensaios clínicos, baseados no conhecimento profundo dos processos moleculares e celulares subjacentes à doença": “O P.CCC é uma infra-estrutura que prioritiza as necessidades dos doentes.”
Os recursos para este projecto estarão alocados estrategicamente em plataformas especializadas no IPO do Porto e no i3S. Para o efeito, foram já adquiridos pelo i3S equipamentos que permitirão isolar e caracterizar o perfil molecular de células tumorais individuais e identificar biomarcadores para vigilância dos doentes e famílias em risco.
Especificamente, os novos equipamentos permitem uma análise detalhada de tecidos e biópsias líquidas de doentes e a avaliação funcional de moléculas em modelos experimentais in vitro e in vivo.
Uma grande parte do investimento foi direccionado para novas tecnologias de imagiologia, criando “uma oportunidade única para avançar em estudos pré-clínicos”, sublinham os responsáveis do IPO do Porto e do i3S.