Detida jornalista russa que protestou contra a guerra na Ucrânia em directo na TV

A 14 de Março, Marina Ovsiannikova, 44 anos, surgiu atrás de uma apresentadora durante um programa informativo sobre a guerra na Ucrânia e exibiu um cartaz com a frase “parem a guerra, não acreditem na propaganda, eles estão a mentir-vos”.

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Marina Ovsiannikova exibiu um cartaz com a frase “parem a guerra, não acreditem na propaganda, eles estão a mentir-vos” DSK/EPA

A jornalista russa que exibiu um cartaz contra a guerra na Ucrânia durante um programa televisivo, em Março, foi detida nesta quarta-feira sob a acusação de desacreditar o exército da Rússia, anunciou o seu advogado.

“Estamos actualmente com investigadores. Foi aberta uma investigação” contra Marina Ovsiannikova por “divulgação de informações falsas” sobre o exército russo, disse Dmitri Zakhvatov à agência francesa AFP.

Os investigadores devem agora decidir se Ovsiannikova aguardará julgamento na prisão ou em liberdade, disse a mesma fonte.

A 14 de Março, Marina Ovsiannikova, 44 anos, surgiu atrás de uma apresentadora durante um programa informativo sobre a guerra na Ucrânia e exibiu um cartaz com a frase “parem a guerra, não acreditem na propaganda, eles estão a mentir-vos.

Na altura, foi acusada de denegrir os militares russos e multada, tendo deixado de trabalhar na estação televisiva.

Antes de o advogado ter anunciado a detenção, a casa da jornalista foi alvo de buscas.

O processo foi lançado ao abrigo de uma lei, promulgada após a invasão russa da Ucrânia a 24 de Fevereiro, que penaliza declarações contra os militares, disse o advogado.

Este crime pode ser punido com uma pena até 15 anos de prisão.

Desde o final de Julho, Ovsiannikova já foi multada duas vezes por desacreditar o exército russo, nomeadamente com base em mensagens criticando a ofensiva na Ucrânia publicadas em redes sociais.

De acordo com a Net Freedoms, um grupo de assistência jurídica centrado em casos de liberdade de expressão, já se registaram na Rússia 79 casos criminais por divulgação de alegadas informações falsas sobre os militares e até 4000 casos administrativos contra pessoas acusadas de denegrir as forças armadas.