Do fígado gordo à doença de Machado-Joseph: Universidade de Coimbra recebe 750 mil euros para investigação

Projectos do Centro de Neurociências e Biologia Celular receberam 750 mil euros de financiamento europeu. Em todos os trabalhos agora aprovados pretende-se contribuir para desenvolver terapias mais eficazes para estas doenças.

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Os cinco projectos da Universidade de Coimbra financiados têm a duração de um ano Adriano Miranda

Cinco projectos de investigação do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra foram contemplados com um financiamento europeu de 750 mil euros. Anunciado esta quarta-feira, este valor permitirá apoiar projectos na área da doença de Machado-Joseph, do fígado gordo não alcoólico e da utilização de pequenas vesículas do nosso corpo para melhorar terapias.

“O montante global vai contribuir para investigações relacionadas com a doença de fígado gordo não alcoólico, com a doença de Machado-Joseph e com a utilização de exossomas (pequenas vesículas) para fins terapêuticos”, informa a Universidade de Coimbra em comunicado.

Os apoios financeiros concedidos foram aprovados pela autoridade de gestão do Programa Operacional Centro 2020.

“O projecto relacionado com a doença de fígado gordo não alcoólico vai ser conduzido por Paulo Oliveira, investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNBC)”, adianta. Denominada “MitoBOOST v2.0 – Prova de conceito para o uso de polifenóis dirigidos à mitocôndria para tratar a doença do fígado gordo não alcoólico”, a investigação visa realizar “uma prova de conceito relativa ao uso de uma nova molécula, a antiOXBEN2, ainda em fase de pré-clínica, para o tratamento desta doença, que tem vindo a crescer nas últimas décadas e que afecta cerca de um quarto da população mundial.”

O projecto é de um consórcio que reúne o CNBC, a empresa Mitotag e a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que desenvolveu a referida molécula.

Para o estudo de exossomas, Lino Ferreira, investigador do CNBC, vai coordenar o projecto “Bio-Med: Engenharia biomolecular de vesículas extracelulares para medicina regenerativa”, centrado na utilização destas pequenas vesículas, “naturalmente existentes no organismo, como sistemas de libertação de fármacos para fins terapêuticos.”

Os restantes três projectos têm em comum o tratamento da Machado-Joseph, “doença neurodegenerativa rara com prevalência em Portugal, mas ainda sem cura.”

Luís Pereira de Almeida, professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e presidente do CNBC, coordena o projecto “MJDedit – Sistemas de edição génica para o gene ATXN3: uma terapia para a doença de Machado-Joseph”, destinado a descobrir uma terapia para a doença “através de ferramentas de edição genética”. “Estratégias eficazes para esta doença são potencialmente aplicáveis a outras doenças do cérebro”, salienta o comunicado.

Já o projecto “BDforMJD – Desenvolvimento de um biomarcador para a doença de Machado-Joseph”, liderado pela investigadora Magda Santana, visa “desenvolver um biomarcador para monitorização da progressão da doença Machado-Joseph e para avaliar a resposta a terapias em estudos interventivos.”

O estudo “ModelPolyQ 2.0 - Modelos animais avançados para doenças de poliglutaminas”, coordenado por Rui Jorge Nobre, tem o propósito de desenvolver “modelos celulares e animais para doenças de poliglutaminas, como é o caso da doença de Machado-Joseph, recorrendo a um estojo de vectores virais” criado neste centro de investigação.

Cada um dos cinco projectos tem a duração aproximada de um ano.