Mais de 1000 operacionais combatem fogo na Covilhã. Já arderam mais de 3000 hectares da Serra da Estrela
Fogo que deflagrou no Garrocho, no sábado, chegou a Verdelhos. Foram retiradas 26 pessoas da localidade e a estrada municipal 501 foi cortada. Três bombeiros e um sapador florestal com ferimentos ligeiros. Helicóptero sofreu um acidente, sem registo de feridos.
Mais de 1000 operacionais, apoiados por 310 viaturas, continuavam a combater, pelas 23h30 desta terça-feira, o incêndio que deflagrou no sábado na localidade de Garrocho, no concelho da Covilhã (Castelo Branco), informou a Protecção Civil em comunicado.
As chamas continuam a arder com “grande intensidade”, tendo já provocado nove feridos ligeiros. Segundo o comandante operacional regional do Centro, António Ribeiro, três bombeiros e um sapador florestal sofreram ferimentos ligeiros.
“Felizmente, não há registo de vítimas mortais, nem feridos graves até ao momento, nem [problemas em] bens patrimoniais a registar. Não houve qualquer habitação afectada. Isso é motivo de regozijo. Tivemos quatro feridos ligeiros, três bombeiros e um sapador florestal”, afirmou o comandante numa conferência de imprensa sobre o incêndio que arde desde sábado.
Um helicóptero sofreu um acidente esta terça-feira durante o combate ao fogo. Segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), o acidente aconteceu esta tarde “durante a fase de aproximação ao local de desembarque” de uma equipa de Unidade de Emergência de Protecção e Socorro (UEPS/GNR). O helicóptero sofreu “danos materiais significativos”, tendo-se partido a cauda da aeronave, mas os seis tripulantes – o piloto-comandante e cinco militares da UEPS – estão todos “bem fisicamente”, segundo a nota.
O fogo lavra quer no distrito de Castelo Branco, em Verdelhos (Covilhã), quer no distrito da Guarda, na localidade do Sameiro, concelho de Manteigas, disse fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Castelo Branco.
As duas localidades estão a uma distância de cerca de dez quilómetros, situando-se na fronteira entre os dois distritos.
De acordo com o CDOS, ao início do dia estavam montados três postos de comando — Penhas da Saúde (Covilhã), Manteigas e Sarzedo (Arganil) — e o incêndio mantinha duas frentes (Manteigas e Verdelhos). Ao chegar a Verdelhos, as chamas obrigaram à retirada de 26 pessoas pessoas, alojadas em casa de familiares. O fogo não evoluiu favoravelmente durante a tarde e aproximou-se de aldeias nas imediações.
“De manhã, o trabalho realizado era claramente satisfatório. Tudo apontava para que iríamos ter sucesso – sempre com as devidas reservas –, mas não foi o que se verificou. Tivemos um início de tarde com condições muito adversas, com ventos que provocaram alguns reacendimentos extremamente fortes”, salientou também António Ribeiro.
As chamas obrigaram ainda ao corte da estrada municipal 501, de acesso à localidade de Verdelhos.
O incêndio deflagrou às 3h18 de sábado, na localidade de Garrocho, freguesia de Cantar-Galo e Vila do Carvalho, no concelho da Covilhã (Castelo Branco), e alastrou para Manteigas, no distrito da Guarda.
Segundo a informação disponível às 21h45 no site da ANEPC, no terreno a combater o fogo estavam 820 operacionais, com 268 viaturas e um helicóptero.
Chamas já consumiram cerca de três mil hectares
Segundo o vice-presidente da Câmara da Covilhã, o incêndio em causa já consumiu cerca de três mil hectares de floresta e mato no concelho.
“Durante esta noite executou-se uma operação de alto envolvimento e movimentação dos meios disponíveis. Diminuiu-se em mais de 58% a frente do incêndio. A área ardida no concelho da Covilhã ronda os 3000 hectares. Todo o incêndio deflagrou naquilo que é o Parque Natural da Serra da Estrela”, disse José Serra dos Reis.
O autarca da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, está “convicto” de que “o incêndio será dado como dominado ainda hoje”. “As expectativas de como está a decorrer o planeamento e com os meios que temos no terreno, possivelmente não daremos o incêndio como extinto, mas dominado”, salientou.
Durante a tarde de domingo, três bombeiros foram retirados do teatro de operações por razão de “doença, queimadura e trauma”, tendo dois deles sido transportados para um hospital e outro recebido assistência num centro de saúde.
A Estrada Nacional (EN) 338, que faz a ligação entre Piornos e Manteigas, esteve cortada ao trânsito, mas reabriu ao final da tarde de segunda-feira. Contudo, o trânsito ainda permanece condicionado à circulação de veículos ligeiros. O incêndio obrigou ainda a evacuar a Praia Fluvial de Verdelhos.
Concelhos do interior em perigo máximo de incêndio rural
Esta terça-feira cerca de 80 concelhos do interior Norte e Centro e do Alentejo Norte estão em perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
De acordo com a informação disponível no site do IPMA, as concelhos que estão sob risco máximo localizam-se nos distritos de Bragança, Vila Real, Braga, Porto, Coimbra, Guarda, Viseu, Castelo Branco, Santarém e Portalegre.
O IPMA colocou também em risco muito elevado de incêndio rural cerca de 50 municípios dos distritos Viana do Castelo, Vila Real, Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Portalegre e Faro.
O risco de incêndio, determinado pelo IPMA, tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo e os cálculos são obtidos a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.
Para esta terça, as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera apontam para uma subida da temperatura máxima, nebulosidade no litoral oeste até ao fim da manhã, podendo persistir nalguns locais, e no interior a partir da tarde. O vento vai soprar fraco.
As temperaturas as mínimas vão oscilar entre os 14 graus Celsius (Beja, Sines e Setúbal) e os 22º em Bragança e as máximas entre os 23º (Viana do Castelo) 38º (Castelo Branco).