Estados Unidos revelam ter fornecido mísseis anti-radar à Ucrânia
É a primeira vez que o Pentágono fala deste tipo de armamento, depois de imagens de supostos destroços de um míssil terem começado a circular nas redes sociais russas. Irão lançou satélite, com ajuda da Rússia, que os EUA suspeitam que pode servir para espiar a Ucrânia.
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Um governante norte-americano admitiu que os Estados Unidos forneceram mísseis anti-radar à Ucrânia para permitir que a Força Aérea do país ocupado continue a operar. Foi a primeira vez que um alto responsável da Administração Biden se referiu ao envio deste armamento, que não aparecia listado em nenhum dos vários pacotes de ajuda militar que Washington já enviou para Kiev.
A revelação foi feita por Colin Kahl, subsecretário da Defesa, durante uma conferência de imprensa no Pentágono para dar mais pormenores sobre o novo carregamento de armas que os Estados Unidos vão fornecer à Ucrânia. “No curto prazo temos feito muitas coisas para manter a Força Aérea da Ucrânia no ar e ser mais eficaz”, disse o governante, que não especificou que mísseis foram enviados nem em que quantidade.
Os sistemas de radar russos têm sido eficazes a detectar os aviões militares ucranianos que ainda podem voar e a impedir a sua actuação em grande parte do território. De acordo com a CNN, os Estados Unidos terão enviado os mísseis anti-radiação de alta velocidade, conhecidos pelo acrónimo HARM. Estes projécteis ar-terra conseguem detectar sinais de radar e podem ser lançados a mais de 100 quilómetros do alvo, sendo os de maior alcance até agora fornecidos por Washington.
A Ucrânia não anunciou a recepção nem o uso deste tipo de armamento e os EUA só o admitiram depois de nas redes sociais russas terem começado a circular imagens de supostos destroços de um destes mísseis. O anúncio americano levanta a dúvida sobre se terão sido enviadas outras armas para a Ucrânia sem o conhecimento público.
Muitos aviões da Força Aérea ucraniana foram destruídos ou muito danificados logo nos primeiros dias de guerra e Colin Kahl não disse quais são as aeronaves que estão a ser usadas para lançar os HARM. O Kyiv Post cita fontes militares ucranianas para dizer que é provável que sejam caças MiG-29 fornecidos pela Roménia e pela Eslováquia.
Entretanto, esta terça-feira partiu do Cazaquistão um foguetão russo Soyuz com um satélite iraniano a bordo. O Khayyam foi construído na Rússia e, segundo Teerão, a sua câmara de alta resolução destina-se a melhorar “as capacidades de gestão e planeamento” em áreas como o patrulhamento fronteiriço, a agricultura, a gestão da água e o ambiente, entre outras.
Porém, agentes secretos norte-americanos ouvidos recentemente pelo The Washington Post acreditam que o satélite vá servir para a Rússia espiar as actividades militares da Ucrânia e, posteriormente, para o Irão vigiar Israel. A agência espacial iraniana desmentiu a notícia, garantindo que o Irão vai controlar o Khayyam “desde o primeiro dia” e que “nenhum outro país tem acesso à informação”.
Vladimir Putin esteve em Teerão em meados de Julho e ali recebeu um forte apoio do líder supremo, Ali Khamenei, que afirmou que se não tivesse sido a Rússia a lançar a guerra na Ucrânia, seria o Ocidente a fazê-lo mais cedo ou mais tarde contra a Crimeia. Os dois países assinaram uma parceria estratégica de que o lançamento do satélite é a primeira amostra.