Comissão Europeia diz que cabe aos Estados-membros decidir se limitam a entrada de cidadãos russos

Finlândia e Estónia queixam-se de que os russos entram pelas suas fronteiras terrestres e depois viajam livremente pelo espaço Schengen. Volodymyr Zelensky pede ao Ocidente que deixe de emitir vistos.

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A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, defende a limitação da emissão de vistos POOL/Reuters

O Presidente ucraniano pediu aos países ocidentais que dêem mais um passo nas sanções à Rússia e proíbam a entrada de cidadãos russos no seu território. Argumenta Volodymyr Zelensky que só assim os russos sentirão na pele os constrangimentos de o país estar a fazer guerra na Ucrânia.

“As pessoas escolheram este Governo e não estão a lutar contra ele, não estão a contestá-lo, não estão a manifestar-se”, disse o governante em entrevista ao The Washington Post. “Vocês querem este isolamento?”, questionou, dirigindo-se à população russa.

A ideia tem adeptos na Europa, como as primeiras-ministras da Finlândia e da Estónia. “Não é correcto que enquanto a Rússia faz uma guerra brutal e agressiva na Europa, os russos façam uma vida normal, viajem pela Europa e façam turismo”, disse a finlandesa Sanna Marin.

Os países da União Europeia encerraram o seu espaço aéreo aos voos com origem na Rússia, mas as fronteiras terrestres mantêm-se abertas e os cidadãos russos podem entrar no espaço Schengen se obtiverem um visto turístico, que é válido por 90 dias. Kaja Kallas, líder do Governo estoniano, queixou-se que agora “são os países que fazem fronteira com a Rússia que sofrem as consequências”.

A Estónia e a Letónia já deixaram de emitir vistos a cidadãos russos e a Finlândia prepara-se para restringir a sua emissão, mas os detentores de vistos emitidos por outros países europeus podem cruzar as fronteiras.

Para já, a Comissão Europeia distancia-se da ideia de Zelensky. “Os Estados-membros têm bastante margem para diminuir ou parar a emissão de vistos de longa duração”, sublinhou a porta-vos para os Assuntos Internos, Anitta Hipper, acrescentando que “haverá sempre categorias de pessoas para as quais têm de se emitir vistos, como casos humanitários, familiares, jornalistas ou dissidentes”.

Em Bruxelas existe uma percepção de que impedir a entrada a todos os russos na Europa seria contraproducente para o esforço de guerra na Ucrânia, sobretudo agora que, na Rússia, o espaço mediático está limitado aos órgãos fortemente controlados pelo Kremlin. Por outro lado, “os russos que não são a favor da guerra também devem poder viajar”, diz uma fonte da Comissão ao Financial Times.

Em Moscovo, o porta-voz de Vladimir Putin disse que a ideia fazia lembrar a Alemanha nazi. “Há países que são tão hostis para connosco que ficam delirantes. Estão a recorrer a sentimentos que ouvíamos literalmente há 80 anos em certos países no centro da Europa”, comentou Dmitri Peskov.

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