Lx Factory muda de mãos com promessa de manter a “identidade” industrial

Em cinco anos, é a terceira vez que este espaço único na cidade muda de mãos. Está agora nas do grupo português Arié e do Europi Property Group, numa altura em que aquela zona está mudar drasticamente à boleia de novas construções imobiliárias.

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Vista do antigo restaurante Rio Maravilha, que foi demolido Guilherme Marques/Arquivo

Alcântara já foi uma das maiores áreas industriais da cidade, lentamente desmantelada para dar lugar a prédios mais recentes e modernos. Nesta fracção da cidade, durante tantas décadas escondida, surgiu, em 2008, a Lx Factory, um espaço criativo, com lojas e restaurantes, que ainda conserva alguma da memória da arquitectura industrial da cidade. Este espaço, que se prepara para ter como vizinhos grandes prédios de escritórios e habitação, foi novamente vendido, estando agora nas mãos do grupo português Arié e do Europi Property Group, num negócio mediado pela Bedrock Capital, sediada em Lisboa.

O anúncio foi feito esta terça-feira, em comunicado, pelas duas empresas, que não adiantam o valor pelo qual adquiriram este espaço a um fundo gerido pelo grupo francês Keys, que por sua vez o comprara, em 2017, ao grupo Mainside de José Queirós Carvalho, que na capital teve espaços como a Pensão Amor, a Casa de Pasto ou o Rio Maravilha.

De acordo com os grupos empresariais envolvidos no negócio, a “identidade e património cultural únicos do Lx Factory” serão para manter, continuando a acolher escritórios, retalho e restauração.

Os novos proprietários querem ainda manter o seu “look & feel industrial” e avançam que estão a ser desenvolvidos planos para a “reabilitação gradual dos espaços e introdução de melhorias ao nível das zonas exteriores e da organização do trânsito automóvel”.

No comunicado, as empresas afirmam que a estratégia de aquisição se insere “no actual contexto de regeneração urbana em Alcântara, a qual conta já com o novo Hospital Cuf Tejo, e para a qual está previsto para os próximos anos o desenvolvimento de diversos projectos de escritórios e residenciais, bem como de uma escola internacional”.

Nos terrenos da antiga fábrica da Sidul, na Avenida da Índia, onde em tempos houve uma obra do artista plástico Vhils, está a avançar a construção de dois edifícios destinados a escritórios, que deverão estar concluídos no próximo ano, num investimento superior a 100 milhões de euros. O projecto prevê ainda que sejam construídos mais prédios para habitação.

Para o complexo industrial da antiga fábrica de massas A Napolitana, também vizinho da Lx Factory, está também prevista a sua transformação numa escola internacional do grupo Artemis Education, num projecto que custará mais de 50 milhões de euros, entre compra do imóvel (realizada no ano passado ao grupo Auchan) e obras.

Os compradores

A Lx Factory está agora nas mãos da família Arié, cujo grupo empresarial nasceu em 1954, quando o patriarca Roudolph Arié chegou a Portugal. É proprietária das lojas Perfumes & Companhia, representante de várias marcas de cosmética e perfumaria, da marca de vestuário Stefanel e investidora nos restaurantes do chef José Avillez.

O negócio foi ainda feito com o grupo Europi Property, uma empresa de investimento imobiliário pan-europeia com escritórios em Londres e Estocolmo, e com a Bedrock Capital Partners, uma gestora de activos e sociedade de investimentos imobiliários. Em 2020, a Bedrock adquiriu ao grupo SIL dois lotes precisamente nos terrenos da antiga fábrica da Sidul onde estão a ser construídos os dois edifícios de escritórios.

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