Economia europeia está a deteriorar-se, mas Portugal ainda é uma das excepções

Indicadores avançados da OCDE ficaram em Julho abaixo da média histórica na maior parte dos países da zona euro, apontando para uma deterioração futura da conjuntura. Em Portugal, a tendência ainda é positiva.

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Paulo Pimenta

Inflação alta, quebra da confiança e resultados negativos nos mercados bolsistas mundiais continuam a apontar para uma maior deterioração da conjuntura das principais economias mundiais nos próximos meses, mostram os dados publicados esta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Mas Portugal é, entre os países da zona euro, um dos poucos que mantém ainda uma tendência positiva.

Os indicadores avançados da OCDE, que procuram antecipar a ocorrência de momentos de viragem na actividade económica num período de seis a nove meses, permaneceram em Julho abaixo da média na generalidade das maiores economias, um resultado que aponta para o prolongamento de uma tendência de abrandamento na actividade económica durante os próximos meses.

Os resultados abaixo de 100 (que representa a média histórica do índice) registam-se na zona euro como um todo - incluindo as suas principais potências, Alemanha, França e Itália - Estados Unidos, Reino Unido, China, Brasil e Canadá. Na zona euro, o indicador passou de 99,23 pontos em Junho para 98,97 pontos em Julho.

Portugal, contudo, continua a ser uma das poucas excepções neste cenário negativo que se vive na zona euro. O indicador avançado calculado pela OCDE para a economia nacional reduziu-se ligeiramente, mas manteve-se acima dos 100 pontos, tendo baixado de 100,36 pontos em Junho para 100,14 pontos em Julho.

Deste modo, de acordo com a leitura deste indicador, a economia portuguesa continua a apontar para o prolongamento da tendência de retoma nos próximos meses, o que, a confirmar-se, ocorreria em contraciclo com a grande maioria dos outros países da zona euro. Para além de Portugal, apenas a Irlanda, Áustria e Eslovénia registam, entre os países da zona euro para os quais a OCDE calcula os indicadores avançados, valores acima de 100 pontos.

O indicador diário de actividade económica calculado pelo Banco de Portugal também tem vindo a sinalizar nas últimas semanas uma aceleração do ritmo da actividade económica em Portugal no mês de Julho, uma tendência positiva que acontece após o ligeiro recuo de 0,2% registado no PIB no segundo trimestre do ano.

No resto do mundo, entre as maiores economias, apenas no Japão e na Índia os indicadores avançados da OCDE apontam para uma estabilização do ritmo de crescimento.

“Afectado negativamente pela inflação historicamente elevada, pela baixa confiança dos consumidores e pelo declínio dos índices bolsistas, os indicadores avançados mantém-se abaixo da tendência e continuam a antecipar uma perda de ritmo de crescimento na maioria das grandes economias da OCDE”, afirma a entidade com sede em Paris na nota que acompanha os dados publicados esta terça-feira.

Os indicadores avançados da OCDE são calculados com base em informação relevante para o ritmo de actividade económica futura, como a relativa às encomendas, aos pedidos de autorização de construção, ao registo de novos veículos, à confiança dos consumidores ou às taxas de juro de longo prazo.

O receio de entrada em recessão das economias tem vindo a ganhar força nos EUA e na zona euro à medida que, para contrariar uma escalada da inflação, os bancos centrais estão, no meio de um cenário de incerteza trazido pela guerra na Ucrânia, a realizar subidas rápidas nas suas taxas de juro. Ainda assim, durante o segundo trimestre deste ano, a economia da zona euro manteve uma taxa de crescimento positiva.

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