Brasil: na fotografia de Walter Firmo, a indignação contra o racismo não precisa de gritar

O silêncio de Walter Firmo é uma indignação contra o racismo. Nessa mudez, ele construiu uma obra onde se pode ver o crescendo da sua consciência de ser negro. “Negro de pouca tinta”, como refere, que só sentiu a humilhação ao sair do seu país, o Brasil. Na sua obra, cada negro tem a solenidade de um totem, palavra dele, para salientar a dignidade que quis dar ao seu povo. Aos 85 anos tem uma retrospectiva em São Paulo que é uma lição sobre negritude.

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Walter Firmo/Acervo IMS
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Walter Firmo/Acervo IMS
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Walter Firmo/Acervo IMS

Um menino negro olha a câmara de frente. Só se vê parte do tronco coberto com uma camisa branca e a cabeça no recorte quadrado de uma janela para a rua. É o olhar dele e o invisível de quem o fotografa assim. O menino não desafia. Olha com altivez, sozinho. O resto na fotografia é uma grande parede vermelha que parece endeusar a criança sem medo da objectiva. Noutra, há um homem recostado numa cadeira de baloiço. Quase velho, camisa de um azul muito suave, calças brancas, pernas cruzadas, um saxofone em repouso no colo, segurado pela mão esquerda. O menino está numa cidade do interior da Bahia. O homem está no quintal da sua casa no Rio de Janeiro. Não se sabe o nome do menino. O homem foi um dos maiores maestros da música popular do Brasil, Alfredo da Rocha Vianna Filho, conhecido como Pixinguinha. Sobre a sua imagem na cadeira de baloiço feita pelo fotógrafo Walter Firmo alguém disse ser representação da felicidade, justamente sobre o maestro que tornou o choro, ou chorinho, uma música nacional.

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