Morreu Ana Luísa Amaral, poeta porque tinha mesmo de o ser
É uma das vozes mais celebradas da poesia portuguesa. “Isto não é a minha carreira, que essa foi na Universidade, é aquilo que eu faço porque tenho mesmo de fazer: poesia”. Tinha 66 anos.
Nunca escreveu para a gaveta, afinal, havia sempre alguém a quem os poemas chegavam, ditos por ela, manuscritos por ela, mas foi apenas aos 34 anos, em 1990, que a poesia se revelou em livro. Momento inaugural, Minha Senhora de Quê. Uma revelação. Voz de absoluto destaque da poesia portuguesa das últimas décadas, não considerava o seu percurso enquanto poeta como uma carreira – “carreira”, explicava, era o seu “percurso académico”. Escrevia porque tinha de escrever, tacteando, sentindo, desvendando o mundo, o que lia nos livros, o que observava, o que atravessava enquanto a vida acontecia. Ana Luísa Amaral morreu durante a noite desta sexta-feira, vítima de doença prolongada, revelou a Universidade do Porto, onde era investigadora e professora aposentada da Faculdade de Letras. Tinha 66 anos.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.