Israel ataca alvos na Faixa de Gaza depois de dias de bloqueio

Operação tem como alvo a Jihad Islâmica, que informou da morte do seu comandante em Gaza, Tayseer al-Jabari. Fontes do Hamas, no poder no território, dizem que morreram dez pessoas no ataque, incluindo uma criança de cinco anos.

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Palestiniano ferido junto a um dos alvos atacados pelo Exército de Israel na Faixa de Gaza MOHAMMED SABER/EPA

O Exército de Israel lançou, esta sexta-feira, um ataque a vários alvos na Faixa de Gaza, uma operação contra a Jihad Islâmica que “irá durar tanto tempo quanto for preciso”, segundo o primeiro-ministro, Yair Lapid. A operação acontece quando o território palestiniano está bloqueado na sequência da ameaça da Jihad Islâmica de realizar ataques contra Israel em retaliação pela detenção de um dos seus líderes na Cisjordânia.

Nos ataques desta sexta-feira morreram dez pessoas, incluindo uma criança de cinco anos, e 55 pessoas ficaram feridas, segundo o ministério da Saúde do Hamas, no poder no território; a Jihad Islâmica confirmou a morte do seu comandante na Faixa de Gaza, Tayseer al-Jabari, anunciada por Israel. Combatentes de Gaza dispararam, entretanto, rockets contra Israel.

Segundo o Times of Israel, o ministro israelita da Defesa, Benny Gantz, tinha avisado a Jihad Islâmica que o seu Exército agiria se o grupo não recuasse nas suas intenções de atacar Israel, o que a Jihad Islâmica ameaçou fazer depois da detenção por Israel de um dos seus líderes na Cisjordânia, Bassam al-Saadi, numa operação militar na segunda-feira, em que morreu ainda um membro do grupo, de 17 anos.

Face ao silêncio do grupo palestiniano, os militares israelitas lançaram esta sexta-feira à tarde a Operação Amanhecer. Fontes israelitas dizem ter feito passar a mensagem ao Hamas de que o ataque tem como alvo apenas a Jihad Islâmica e que só atacaria o Hamas se este se envolvesse. O Hamas emitiu um comunicado declarando que “os braços da resistência estão unidos”. Até ao inicio da noite, a Jihad Islâmica disse ter disparado 100 rockets contra Israel.

Os alvos foram localidades perto da Faixa de Gaza, mas também subúrbios de Telavive - a cidade pôs a funcionar abrigos. O Exército do Estado hebraico anunciou que vai convocar até 25 mil reservistas.

Gaza pode ficar sem central eléctrica

A tensão vinha a manter-se durante a semana, e as autoridades israelitas tinham decidido esta quinta-feira estender o encerramento das passagens entre a Israel e a Faixa de Gaza, que entrou esta sexta-feira no quinto dia de isolamento restrito. Nas localidades israelitas perto da Faixa de Gaza está em vigor, desde terça-feira, um confinamento por medo de uma retaliação de Gaza.

A Faixa de Gaza já é, por regra, sujeita a um sistema de entradas e saídas extremamente restritivo (um sistema que dura há 15 anos, desde que o Hamas chegou ao poder), com excepções a serem dadas de modo aparentemente aleatório, queixam-se os palestinianos a viver no território.

Entre as poucas excepções estão casos de doença de pessoas que vão ser tratadas a Israel, e alguns trabalhadores palestinianos, que têm de passar um enorme corredor fortificado entre os dois territórios. Com este encerramento, nem estes podem passar, e a Organização Mundial de Saúde disse, na quinta-feira, que o encerramento afectou 50 doentes por dia.

Outro problema é que com esta medida, os camiões de combustível que abastecem a única central eléctrica de Gaza também não podem entrar. Esta terá de encerrar em breve se a passagem não for reaberta, avisaram os funcionários, que na quinta-feira estimavam que a central tivesse combustível para apenas 48 horas desde então. Sem combustível, a central teria como única fonte uma alimentação diária de 120 megawatts que vem de Israel.

Os habitantes de Gaza habituaram-se nos últimos anos a ter apenas cerca de dez horas de electricidade por dia, por vezes menos (com estratégias como alimentar electrodomésticos com baterias recarregáveis, por exemplo). Com este corte, os apagões seriam mais frequentes e afectariam serviços que precisam de electricidade contínua.

“Isso teria um grave impacto na vida diária de mais de dois milhões de pessoas e serviços vitais”, disse Mohammad Thabit, da empresa de distribuição de energia de Gaza, à agência Reuters. De hospitais a elevadores (há muitos prédios altos em Gaza), até ao fornecimento de água, um corte pode ter consequências graves.

*com Reuters

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