Autarcas preocupados com possibilidade de transvase de água do Cabril para o Tejo

O ex-ministro Matos Fernandes falou, em Dezembro, da hipótese de se fazer uma ligação em túnel da barragem do Cabril a Belver, sem qualquer transvase

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Barragem do Cabril também está a ser afectada pela seca Miguel Manso

Os autarcas da Sertã, Oleiros, Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra manifestaram a sua preocupação ao Governo, com a possibilidade de haver um transvase de água da Barragem do Cabril para o rio Tejo.

Num comunicado conjunto enviado nesta quarta-feira à agência Lusa, os quatro autarcas Carlos Miranda e Fernando Marques Jorge (respectivamente Sertã e Oleiros, no distrito de Castelo Branco), António Ferreira Lopes (Pedrógão Grande, Leiria), e Jorge Alves Custódio (Pampilhosa da Serra, Coimbra) manifestam “a sua preocupação” face à possibilidade de se construir um túnel para transvase da albufeira do Cabril para o rio Tejo, “tendo em conta os baixos níveis de água nesta albufeira nos últimos verões e, em especial, neste que decorre”.

Os quatro autarcas estiveram reunidos na segunda-feira, na Sertã, com o Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino.

“A reunião teve como objectivo apresentar as preocupações dos autarcas ao governante face à possibilidade de construção de um túnel de transvase de água do Rio Zêzere (a partir da Barragem do Cabril) para o rio Tejo (Barragem de Belver)”, lê-se no comunicado.

Na nota, os quatro autarcas salientam que “a referida obra constará do estudo de reforço da resiliência nas Zonas do Médio Tejo, elaborado pela Agência Portuguesa do Ambiente e que deverá ser posto a consulta pública em Setembro”.

Questionam ainda “o interesse de se construir um transvase da albufeira do Cabril para o rio Tejo, colocando a água apenas a 30 quilómetros a montante do lugar onde a água do Cabril já chega naturalmente ao Tejo”, em Constância.

Os presidentes de Câmara querem que lhes seja dado conhecimento de todo este processo, em detalhe, e das soluções técnicas que vierem a ser propostas.

“Exigem ainda ser ouvidos na elaboração dessas mesmas soluções, e consultados na elaboração dos cadernos de encargos que vierem eventualmente a ser preparados”, refere o comunicado.

Defendem também que qualquer projecto que venha a ser implementado “deverá salvaguardar uma quota mínima para a albufeira do Cabril e outras a jusante”, que permita o uso múltiplo destas albufeiras, nomeadamente, “a captação de água para abastecimento das populações, a defesa contra incêndios e a utilização para fins turísticos, essencial para a economia local”.

Em Dezembro de 2021, o então ministro do Ambiente e da Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes, garantiu que estavam a ser avaliadas duas soluções para resolver o problema da regularização do caudal do rio Tejo e que deviam ser construídas em conjunto.

Segundo o governante, uma das soluções para resolver o problema da regularização do caudal do rio Tejo, passava por construir uma ligação em túnel “da barragem do Cabril a Belver, sem qualquer transvase - estamos a falar dentro da mesma bacia hidrográfica - e que é essencial para podermos trazer água de um rio, onde nunca faltou a água, que é o Zêzere”.

A segunda solução era a criação de um reforço de capacidade armazenada, em barragem, no rio Ocreza.