Batgirl cancelado às portas da estreia: o filme que existe, mas que ninguém verá

Protagonizado por Leslie Grace e Michael Keaton, o filme foi cancelado a pouco tempo da estreia, consequência dos péssimos resultados das projecções de teste e da mudança de política na Warner Bros após a fusão com a Discovery. Um investimento de cerca de 90 milhões de euros que nem em streaming estará disponível.

Foto
Leslie Grace numa foto promocional de Batgirl DR

Leslie Grace já tinha filmado todas as suas cenas enquanto Batgirl, o mesmo fizera o novamente Batman Michael Keaton. Na verdade, os realizadores Adil El Arbi e Bilall Fallah já tinham rodado o que havia a rodar e trabalhavam na pós-produção enquanto o filme circulava em projecções de teste e Leslie Grace manifestava em entrevistas de promoção o entusiasmo que sentia por ter encarnada a personagem dos comics. Nenhum deles trabalhará mais. O New York Post noticiou esta terça-feira que a Warner Bros, que investiu cerca de 90 milhões de dólares (88,8 milhões de euros) num filme praticamente pronto a estrear, não estreará Batgirl. Nem em sala, nem em plataforma de streaming, nem pelas mãos de outro estúdio. Batgirl existe, mas o estúdio decidiu matá-lo. Nenhum espectador o verá.

Por detrás de tão aparentemente estranha, ilógica decisão, estará, segundo a Variety, a mais prosaica das razões, dinheiro – cancelar a estreia permitiria aos estúdios alguns descontos fiscais, em valor maior do que a Warner Bros ganharia com a distribuição de um filme que, tendo em conta a péssima performance nas projecções de teste, se prenunciava um fracasso comercial.

Um porta-voz da Warner Bros, citado pela BBC News, declarou que “a decisão de não estrear Batgirl reflecte a mudança estratégica dos nossos líderes na relação com o universo da DC [Comics] e com a HBO Max” – para além de Batgirl, foi divulgado que também o novo filme do universo Scooby Doo, Scoob! Holiday Hunt, igualmente em fase adiantada de pós-produção, não será estreado.

Rodado em Glasgow e tendo como actores principais, além de Leslie Grace e Michael Keaton, Brendan Fraser na pele do vilão Firefly e JK Simmons como o Inspector da Polícia de Gotham City James Gordon (pai de Barbara Gordon, a Batgirl), o filme foi pensado de acordo com a política da anterior administração da Warner Bros, liderada por Jason Kilar e Ann Sarnoff, que dava prioridade à relação com a sua plataforma de streaming, a HBO Max. A fusão da Warner Bros com a Discovery, concluída em Maio, levou não só a uma política de contenção de custos, mas também a uma radical mudança de estratégia, voltando a dar prioridade à estreia a sala, antes da passagem ao streaming.

Segundo a Variety, Batgirl acabou por ser vítima desta inversão de prioridades, “aparentemente nem grande o suficiente para uma massiva estreia em sala, nem pequeno o suficiente para fazer sentido, economicamente, no cada vez mais implacável cenário do streaming”.

Considerando que a estreia mundial em sala implicaria duplicar o investimento já feito e que, com um lançamento em streaming ou uma venda do filme a outro estúdio, a Warner Bros perderia o direito aos cortes fiscais que tem em mira, Batgirl acaba assim condenado a um desconfortável purgatório: é o filme que existe, mas que ninguém verá.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários