Com cinco graus acima do normal, degelo acelera no arquipélago de Svalbard

Temperaturas de Julho neste território norueguês no Árctico, o local da Terra permanentemente habitado mais próximo do Pólo Norte, chegaram a 21,7 graus, quando a média para o Verão ronda os dez graus.

Foto
Imagem obtida a 31 de Julho mostra mostra a queda no mar Árctico de uma grande quantidade de sedimentos no arquipélago de Svalbard União Europeia/Satélite Sentinela 2 do Copérnico

A onda de calor que está a fazer-se sentir na Europa neste Verão estão também a afectar o Árctico. Nesta segunda-feira, 1 de Agosto, a temperatura no arquipélago de Svalbard, na Noruega, que fica a norte do continente europeu, está cinco graus acima dos valores de referência (da média para o mesmo dia do ano de 1981-2010), o que está a provocar níveis excepcionais de derretimento dos gelos.

Esta imagem – obtida a 31 de Julho por um dos satélites Sentinela do programa Copérnico, a missão da União Europeia para a observação da Terra – mostra a queda no mar Árctico de uma grande quantidade de sedimentos, na costa do arquipélago de Svalbard, situado a 1300 quilómetros do Pólo Norte, provocada pelo acelerado derretimento da neve e do gelo.

Isto acontece depois de um mês de Junho mais quente do que o habitual no arquipélago e um mês de Julho em que foram batidos recordes de temperaturas em Svalbard, o local da Terra permanentemente habitado mais próximo do Pólo Norte: o termómetro chegou a 21,7 graus, quando a temperatura média no Verão não costuma ser superior a dez graus, diz a Radiotelevisão Suíça, numa reportagem feita na região.

Por causa das alterações climáticas, o Árctico está a aquecer 1,5 vezes mais rapidamente do que no resto do planeta. Longyearbyen, a capital administrativa do arquipélago de Svalbard, com cerca de 2500 habitantes e um importante centro de investigação sobre o Árctico, é a cidade onde o aquecimento global está a acontecer mais depressa no planeta, diz a Euronews: as temperaturas subiram quatro graus Celsius nos últimos 50 anos.

Uma das razões pelas quais o aquecimento global está a acelerar em Svalbard é o recuo da calota de gelos, que actua como uma camada isolante que impede o oceano de aquecer a atmosfera no Inverno e, por outro lado, protege o oceano do calor do Sol no Inverno, explicam os cientistas do Instituto Polar Norueguês, que observam a evolução do clima em Svalbard há mais de 30 anos. Mas sem essa camada protectora de gelo, o oceano Árctico está a ficar cada vez mais parecido com o Atlântico.

Quando os gelos estavam intactos, a temperatura no Inverno atingia 20 a 30 graus Celsius negativos – demasiado frio para que caísse neve. Mas com o aquecimento global, também a temperatura média no Inverno aumentou e há mais evaporação da água dos oceanos, o que faz com que haja mais humidade no ar e, logo, condições para nevões abundantes.

“Temos vários tipos de riscos. As acumulações de neve provocam grandes avalanches. E há também um aumento dos deslizamentos de terras”, disse à Radiotelevisão Suíça Kim Holmen, director do Instituto Polar Norueguês.

Quem vive em Longyearbyen vê o solo deslocar-se, literalmente, debaixo dos pés, por causa do degelo do permafrost (o solo sempre congelado). Este processo danifica estradas e edifícios no Árctico e liberta metano – um gás com um potente efeito de estuda. Em Longyearbyen, diz a Euronews, 10% das habitações foram consideradas inseguras, depois de um homem e uma criança terem morrido numa avalanche.

Svalbard é o local onde foi construído o banco mundial de sementes, uma caixa-forte impenetrável no Árctico, conhecida como uma Arca de Noé que tem como objectivo preservar as espécies vegetais para o caso de existir alguma catástrofe – natural ou humana.