Inglaterra campeã europeia de futebol feminino

“Leoas” derrotam Alemanha na final de Wembley por 2-1 após prolongamento. É o primeiro título para as britânicas e a primeira derrota das germânicas em finais.

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Ella Toone marcou o primeiro golo da Inglaterra na final Reuters/JOHN SIBLEY

A Inglaterra sagrou-se, neste domingo, campeã da Europa de futebol feminino, ao derrotar na final de Wembley a Alemanha por 2-1, após prolongamento. Foi o primeiro título continental das “leoas” na terceira final que disputaram, mas não para a sua treinadora – a neerlandesa Sarina Wiegman já havia sido campeã com a selecção do seu país em 2017. Foi também uma derrota inédita para a Alemanha, vencedora das oito finais anteriores em que participou no Euro.

Em Helsínquia, há 13 anos, houve um claro desequilíbrio de forças, bem expresso no marcador da primeira final (6-2 para a Alemanha) disputada entre as duas selecções. Mas era evidente que esta final de Wembley não ia seguir a mesma narrativa, num jogo em que, antes de se darem os primeiros pontapés, já era de recorde: 87129 espectadores preencheram as bancadas do mítico estádio londrino, a maior assistência na final de um Europeu de futebol em qualquer género.

Injectadas com o “know how” de uma treinadora campeã e alimentadas pela optimismo infinito dos seus adeptos, as inglesas entravam em campo com o ascendente emocional de jogarem em casa e com a motivação suplementar de poderem bater uma selecção que, nas oito finais anteriores, nunca tinha perdido nenhuma.

Pouco antes do início da final, uma má notícia para a Alemanha. Alexandra Popp, melhor marcadora do Euro e capitã das germânicas, lesionou-se no aquecimento e não subiu ao relvado. Mais uma boa notícia para a Inglaterra, que entrou com vontade de quebrar o feitiço de não ganhar nada no desporto que inventou desde o título mundial dos homens em 1966.

E, durante a primeira parte, esteve sempre por cima do jogo e com as aproximações mais perigosas, como aos 9’, numa investida pela esquerda de Beth Mead, mas a jogadora do Arsenal demorou a decidir-se e a guarda-redes Frohms ficou com a bola.

A excepção ao domínio inglês aconteceu logo a seguir, num lance em que Sara Dabritz quase fez golo, mas Lucy Bronze, a lateral de ascendência portuguesa, conseguiu resolver.

Pouco antes do intervalo, aos 38’, Mead voltou a criar perigo numa das alas e deixou White com a baliza à sua mercê, mas o remate da avançada saiu por cima.

Depois de uma primeira parte em que passou ao lado do jogo, a Alemanha entrou para a segunda metade mais de acordo com a sua natureza. A introdução de Tabea Wassmuth deu outro fôlego às germânicas que, imediatamente, tomaram conta do jogo. A média do Wolfsburgo esteve nas duas jogadas que quase deram golo às germânicas, aos 50’ e aos 52’.

Contra a corrente do jogo, a Inglaterra chegou ao golo aos 62’. Quase ao pé da sua grande área, Keira Walsh fez um passe perfeito para a corrida de Ella Toone e a avançada do Manchester United, perante a guardiã adversária, fez um chapéu perfeito para o 1-0, um golo de belo efeito para a mulher que cresceu a imitar Cristiano Ronaldo no quintal de casa.

Não era um golo que estivesse de acordo com o que estava a acontecer em campo e, aos 79’, Lina Magull encarregou-se de colocar alguma justiça no marcador. Mais uma vez com Wassmuth na jogada, a média do Bayern encostou para o empate e silenciou Wembley.

Com a igualdade, o jogo seguiu para prolongamento. E a Inglaterra fugiu com a vitória. Na sequência de um pontapé de canto, Chloe Kelly, avançada do Manchester City, aproveitou uma confusão na área para fazer o 2-1 aos 110’. Ainda havia dez minutos para jogar, mas não houve nenhum golpe de teatro para levar o jogo para os temidos penáltis. E a Inglaterra foi finalmente campeã, provando que nem sempre ganha a Alemanha num jogo de 11 contra 11, como dizia Gary Lineker.

Este foi também um triunfo bem saboroso para Sarina Wiegman, a neerlandesa que a federação britânica contratou para ganhar. Desde que assumiu o comando da selecção, Wiegman não fez outra coisa - esta final foi o seu 20.º jogo com as “leoas”, agora com um saldo de 18 vitórias e apenas dois empates.

E este título também tem um pequeno sabor português. Lucy Bronze, uma das “estrelas” da equipa, é filha de pai português, um lisboeta chamado Joaquim, e não esteve longe de representar a selecção portuguesa. A defesa que irá representar o Barcelona esta época chegou a dizer que iria representar Portugal se, até aos 22 anos, não fosse chamada pela Inglaterra. Acabou por receber a chamada precisamente quando tinha 22 anos e, menos de uma década depois, também ela é campeã da Europa.

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