Incêndio em Vila Pouca de Aguiar continua activo. Há mais de 400 bombeiros no terreno
Incêndio começou no concelho de Vila Pouca de Aguiar, em Vila Real, às 17h desta quarta-feira. Ao cair da noite, as chamas aproximaram-se de Reboredo, assustando os moradores da aldeia. Há agora mais de 400 operacionais no terreno. O incêndio já terá queimado “mais de 1500 hectares”.
O incêndio que deflagrou na quarta-feira no concelho de Vila Pouca de Aguiar continua activo e a mobilizar um elevado número de operacionais, segundo a Protecção Civil.
De acordo com a informação disponível no site da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), o incêndio que lavra numa zona de mato e pinhal na zona de Revel, Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real, mobilizava 412 operacionais, com o apoio de 130 viaturas e sete aeronaves.
Segundo disse esta manhã fonte da Protecção Civil, o incêndio tem agora “grande parte” do perímetro em consolidação e vigilância, mantendo uma frente activa a lavrar com “alguma intensidade”. “Ou seja, temos boas perspectivas para que nas próximas horas consigamos, efectivamente, ter todo o perímetro em consolidação”, disse o comandante distrital de operações de socorro de Vila Real (CODIS), Miguel Fonseca, num ponto de situação feito às 8h.
Para ajudar os operacionais no terreno, está previsto accionar três aeronaves, dois aviões e um helicóptero que, segundo o comandante, vão “focar o trabalho nesta frente que está ainda activa”.
O incêndio já terá queimado “mais de 1500 hectares”, metade dos quais correspondem a área pinhal adulto, segundo estimativa feita pela Protecção Civil Municipal. A fonte referiu ainda que, esta manhã, o incêndio possui “vários pontos quentes” que “merecem atenção”, sendo o “mais preocupante” o que está na proximidade da aldeia de Campo de Jales.
Chamas aproximaram-se de Reboredo
Nesta quinta-feira, ao cair da noite, as chamas aproximaram-se de novo de Reboredo, assustando os moradores da aldeia que se juntaram aos bombeiros no combate. Um dos moradores cedeu a água, e segundo observou a agência Lusa no local, militares da GNR juntaram-se aos bombeiros para ajudar a combater o fogo.
“A aldeia para mim é o principal, bem como a família e os meus amigos de cá”, disse Bruno Carocha, emigrante que está há duas semanas em Reboredo e que ainda se pôs a caminho da praia, mas acabou por voltar para trás.
À Lusa contou que pensava que esta parte inferior da aldeia já “estava calma”, mas uma reactivação veio provocar, de novo, o receio. “A aldeia esteve praticamente rodeada pelas chamas a tarde toda”, referiu, explicando que é com o batedor de fogo, também conhecido como abafador, que tem ajudado a apagar as chamas.
“Usamos o batedor, pás para deitar terra, enxadas e jipes para transportar água, tudo o que podemos usar. Hoje estou mais contente porque vemos bombeiros”, frisou.
Também este emigrante esteve a ajudar a combater o fogo da semana passada, que começou em Cortinhas, Murça, e se alastrou para o município de Vila Pouca de Aguiar.
Francisco da Eira já esteve “em três lados da aldeia”. “Agora é aqui ao pé da minha casa que está a 20 metros”, salientou este morador, que frisou que “o que vale é que há bombeiros em todo o lado”.
A sua preocupação é a “corte das ovelhas”, lamentando que a GNR não o tenha deixado passar com a carrinha que tinha carregada com bidões de água. “Começou aqui a arder pelas fragas fora e isto é um perigo”, frisou, explicando que, na envolvente da aldeia há muito mato, pinhal e também castanheiros.
Segundo disse o segundo-comandante distrital de operações de socorro de Vila Real, Artur Mota, o incêndio que lavra em Vila Pouca de Aguiar passou esta tarde dos cerca 300 hectares para os cerca de 1400 hectares de área ardida.
“O perímetro é muito maior, temos meios posicionados, vamos fazer muito trabalho com máquina de rasto durante a noite”, explicou o responsável, referindo que o perímetro deste incêndio já deve rondar os cerca de “cinco a seis quilómetros” e que as máquinas vão abrir caminhos e faixas de contenção.
O dia foi quente, o vento soprou com intensidade e tem sido este o cenário que se tem verificado em Vila Real nos últimos quinze dias, obrigando os operacionais a atravessar o distrito, de Sul para Norte, no combate aos vários fogos que se têm registado. Às 00h30 continuavam no terreno 432 operacionais, apoiados por 141 veículos.
Suspeito detido
Um homem de 50 anos já foi detido pela Guarda Nacional Republicada por suspeita de ter originado este incêndio. Segundo avançou a agência Lusa, será funcionário de uma empresa que realizava trabalhos nos espaços florestais, proibidos quando o perigo de incêndio rural é máximo ou muito elevado.
Este é o segundo incêndio de grandes dimensões a lavrar neste concelho numa semana. Também o fogo que deflagrou a 17 de Julho em Cortinhas, no concelho de Murça, avançou para Vila Pouca de Aguiar e queimou áreas de pinhal e mato, soutos, vinha e pastos.
Mais de 40 concelhos de seis distritos em perigo máximo
Mais de 40 concelhos dos distritos da Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Santarém, Portalegre e Faro apresentam esta sexta-feira perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O IPMA colocou também vários concelhos de todos os distritos de Portugal continental em perigo muito elevado e elevado de incêndio rural. Segundo o Instituto, o perigo de incêndio rural vai manter-se elevado em algumas regiões do continente pelo menos até terça-feira.
O perigo de incêndio, determinado pelo IPMA, tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo e os cálculos são obtidos a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.
O IPMA prevê para esta sexta-feira no continente céu pouco nublado ou limpo, com nebulosidade matinal no litoral Centro, vento por vezes forte na faixa costeira ocidental e nas terras altas e pequena subida da temperatura máxima no Norte e Centro e pequena descida no sotavento algarvio.
As temperaturas mínimas vão oscilar entre os 14 graus Celsius (em Viseu e Vila Real) e os 21 (em Faro) e as máximas entre os 24 (em Aveiro) e os 38 (em Castelo Branco).