Lacerda Sales relativiza críticas sobre diploma da remuneração de médicos nas urgências
António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, garantiu acreditar que diploma promulgado pelo Presidente da República no último domingo será suficiente para “reequilibrar valores” entre prestadores de serviços e médicos do quadro de pessoal.
O secretário de Estado da Saúde relativizou esta quinta-feira as críticas de administradores hospitalares e sindicatos em torno do novo regime temporário de remuneração do trabalho suplementar dos médicos em serviços de urgência, antecipando um efeito positivo desta medida.
Em declarações aos jornalistas à margem da apresentação do Relatório do Programa Nacional das Hepatites Virais, da Direcção-Geral da Saúde (DGS), nos Paços do Concelho, em Lisboa, António Lacerda Sales manifestou a sua convicção de que a verba envolvida será suficiente para aumentar a remuneração dos médicos do quadro de pessoal e reduzir a despesa com prestações de serviço nas urgências.
“O que se pretende é equilibrar os valores entre a prestação de serviços — que eram demasiado elevados — e os médicos do quadro de pessoal, valorizando desta forma aquilo que é o trabalho dos médicos do quadro do pessoal. Este é o grande objectivo e acreditamos que terá um impacto positivo”, afirmou.
Considerando que as críticas são sempre construtivas, o governante explicou que em 2019 foram gastos mais de 180 milhões de euros na soma de prestações de serviço e horas suplementares, enquanto nos primeiros quatro meses de 2022 este montante atingiu já os 112 milhões de euros. Nesse sentido, defendeu o reequilíbrio dos valores em nome do compromisso dos profissionais que integram os quadros de pessoal.
“Ao Estado central cabe dar os meios e recursos, aos conselhos de administração cabe fazer gestão operacional. Trata-se de um reequilíbrio de valores que achamos que é possível fazer. As contas de somar e subtrair é gestão operacional e cabe aos conselhos de administração”, salientou, sem deixar de notar que “haverá uma adequação” das instituições a este processo.
António Lacerda Sales afirmou ainda que o diploma é recente e que o seu impacto está a ser avaliado, mas reiterou que, “do ponto de vista do compromisso, é muito melhor valorizar este trabalho” dos médicos do quadro do pessoal em detrimento das prestações de serviço.
O diploma aprovado este mês prevê a atribuição às administrações dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) da autonomia para celebrarem contratos de trabalho sem termo com especialistas que sejam prestadores de serviços e que sejam necessários para o funcionamento dessas unidades de saúde.
Além disso, concede aos conselhos de administração a autonomia para remunerar de forma específica o trabalho suplementar prestado pelos médicos do quadro dos hospitais para garantir o normal funcionamento dos serviços de urgência.
Os valores são os seguintes: 50 euros por hora a partir da hora 51 e até à hora 100 de trabalho suplementar; 60 euros a partir da hora 101 e até à hora 150; e 70 euros a partir da hora 151 de trabalho suplementar.