PCP acusa Moedas de “fugir a discussão incómoda” sobre aeroporto

O presidente de Lisboa ausentou-se da reunião da câmara antes da apreciação da proposta dos comunistas acerca do futuro aeroporto. O PCP solicita agora que a proposta seja de novo agendada, de preferência antes das férias de Agosto.

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O vereador do PCP João Ferreira acusa Carlos Moedas de querer fugir "de uma discussão incómoda" Matilde Fieschi

O PCP acusou esta quarta-feira o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), de “fugir a uma discussão incómoda” sobre o futuro do aeroporto Humberto Delgado, por se ausentar da reunião pública antes da apreciação da proposta dos comunistas.

“Não podemos deixar de constatar que é precisamente antes da discussão desta proposta que o presidente opta por se ausentar. Se isto é sinal da importância que o presidente atribui a esta questão decisiva e estratégica, estamos conversados. Se é intenção de fugir de uma discussão incómoda, podia ter encontrado uma forma mais airosa de o fazer”, afirmou o vereador do PCP João Ferreira, na reunião pública do executivo camarário.

Depois de mais de sete horas de reunião, que se iniciou pelas 15h, o presidente da Câmara de Lisboa disse, por volta das 22h00, que teria de se ausentar: “Vou deixar o seguimento da reunião - porque, infelizmente, vou ter que me ausentar - à senhora vereadora Filipa Roseta”.

Com a saída de Carlos Moedas, o vereador do PCP João Ferreira acusou a liderança PSD/CDS-PP de “manifesto desrespeito pelos direitos da oposição”, referindo que a proposta dos comunistas “Novo Aeroporto de Lisboa: medidas a tomar tendo em vista a sua concretização e a desactivação faseada do Aeroporto Humberto Delgado” foi aceite como extra-agenda desta reunião, uma vez que “o presidente não a quis agendar como estava obrigado regimentalmente”.

Perante a ausência do presidente da câmara, o PCP solicitou que a proposta seja de novo agendada para uma nova reunião, com a possibilidade de se realizar uma sessão extraordinária ainda esta semana, caso contrário será só discutida em Setembro, uma vez que os órgãos municipais estão em férias no mês de Agosto.

Como presidente em exercício, Filipa Roseta (PSD) disse que “não há nenhum desrespeito” relativamente aos vereadores da oposição, indicando que “não há nenhuma decisão a tomar” com a proposta do PCP sobre o aeroporto.

A autarca do PSD referiu ainda que a posição de Carlos Moedas sobre o aeroporto de Lisboa “é pública” e “é bastante clara” desde a campanha eleitoral das autarquias de Setembro de 2021, apesar de entender a posição de PCP de não querer debater essa questão sem o presidente estar presente.

Também a vereadora do PS Inês Drummond considerou “lamentável” a ausência de Carlos Moedas no momento da discussão da proposta do PCP, por ter “curiosidade para perceber qual era a posição do presidente da câmara”.

Perante a situação, o PCP recebeu o apoio do PS, BE e Livre para a realização de uma reunião extraordinária para se debater a proposta antes das férias, mas ainda não é certo que aconteça.

Além da proposta do PCP, após a ausência de Carlos Moedas ficaram por discutir todos os documentos que faltavam, nomeadamente três documentos da vereadora Laurinda Alves para a atribuição de apoios sociais, tendo a reunião terminado pelas 22h40.

O PCP quer que a Câmara de Lisboa negoceie com o Governo a calendarização da desactivação definitiva do aeroporto Humberto Delgado e que assuma o Campo de Tiro de Alcochete como a melhor localização para o novo aeroporto.

Os dois comunistas que integram o executivo pretendem que “a Câmara [de Lisboa] mandate o seu presidente para iniciar contactos com o Governo, tendo em vista a definição de um calendário para a desactivação do aeroporto Humberto Delgado”, disse o vereador João Ferreira, em declarações à agência Lusa na terça-feira, no âmbito da apresentação pública da proposta no Jardim do Campo Grande.

Em 6 de Julho, o presidente da Câmara de Lisboa disse que aguardava a “clareza do Governo” sobre a proposta de solução aeroportuária na região para se pronunciar, reiterando a disponibilidade para colaborar na resposta à necessidade de um novo aeroporto.

“Estarei do lado da solução, trabalharei com o Governo e com o PSD para que essa solução seja o mais depressa possível, porque não podemos continuar a discutir isto durante anos, mas exactamente porque sou parte da solução, não vou estar aqui a dizer ou a fazer já uma escolha dessa solução”, afirmou Carlos Moedas (PSD), em declarações à agência Lusa, à margem de uma cerimónia nos Paços do Concelho de Lisboa.

O presidente da Câmara de Lisboa lembrou que “faltam estudos de impacto ambiental, ainda faltam alguns estudos em cima da mesa”, além da “clareza do Governo”.