Cortes na banca atingem 3000 trabalhadores e 350 agências em dois anos
Os pagamentos de retalho em Portugal voltaram a crescer em 2021, após o decréscimo registado em 2020, em resultado da pandemia de covid-19.
Os bancos que operam em Portugal reduziram o número de trabalhadores em mais de 3000 pessoas e fecharam mais de 350 agências entre 2020 e 2021, em ambos os casos “os decréscimos mais acentuados desde 2016”, avançou esta quinta-feira o Banco de Portugal (BdP).
“O número de agências e o número de trabalhadores […] continuaram a evidenciar o ajustamento iniciado por volta de 2010, quer na actividade doméstica, quer na internacional”, refere o BdP na actualização das séries longas do sistema bancário português, hoje publicada.
Segundo o BdP, em 2021 havia um total de 58.859 trabalhadores nos bancos que operam em Portugal (considerando a actividade interna e externa), menos 3027 do que em 2020 e o número mais baixo desde o início da série, em 1990.
Em Portugal trabalhavam 43.726 colaboradores em 2021, menos 2163 do que os 45.889 de 2020 e também o número mais baixo desde o início da série. O valor mais alto foi atingido em 1995, com 61.885 trabalhadores.
Já à actividade externa dos bancos estavam afectos 15.133 trabalhadores no ano passado, contra 15.997 no ano anterior. É o valor mais baixo desde 2005.
Em termos de agências em Portugal, os bancos tinham 3530 em 2021, menos 297 do que as 3827 que existiam em 2020 e o valor mais baixo desde 1993 (ano em que havia 3129 agências).
O maior número de balcões em Portugal foi atingido em 2010, com 6453 balcões em Portugal.
Segundo a actualização das séries longas hoje divulgada pelo BdP, o sector bancário português manteve em 2021, pelo quarto ano consecutivo, resultados líquidos positivos.
Recordando que, “entre 2011 e 2017, a rendibilidade do sector tinha sido negativa, com excepção de 2015, ano em que foi virtualmente nula”, o banco central nota, contudo, que “os resultados verificados nos últimos quatro anos (entre 0% e 0,5% do activo) estão abaixo dos observados antes do início da crise financeira internacional, em 2008 (entre 0,5 e 1% do activo).
Em 2021, o rácio de crédito vencido voltou a diminuir (pelo sexto ano consecutivo), para níveis próximos dos observados antes de 2008.
Os dados do BdP apontam ainda que “os activos do sistema bancário aumentaram 14% entre 2019 e 2021, reflectindo, sobretudo, o crescimento das disponibilidades colocadas nos bancos centrais e dos empréstimos a clientes, num contexto de abundância de liquidez e de incentivos à manutenção de linhas de crédito”.
“Estes activos aumentaram para 210% do PIB [Produto Interno Bruto] em 2021 (182% do PIB em 2019 e 205% do PIB em 2020), invertendo a tendência de diminuição verificada entre 2012 e 2019”, detalha.
No que se refere aos sistemas de pagamentos, em 2021 os pagamentos de retalho em Portugal voltaram a crescer, após o decréscimo registado em 2020, em resultado da pandemia de covid-19.
Segundo o BdP, os dados hoje publicados revelam “um reforço das alterações ocorridas nas últimas duas décadas no que respeita à utilização dos diferentes instrumentos de pagamento: maior recurso aos meios electrónicos — transferências, débitos directos e operações baseadas em cartão —, em detrimento dos meios tradicionais — cheques, efeitos comerciais e letras —, cada vez menos utilizados”.
Já uma análise às operações baseadas em cartão mostra “um aumento do peso relativo das operações realizadas em homebanking e das compras efectuadas, que incluem nomeadamente, as operações em terminais de pagamento automático e as compras online”.
“O peso relativo dos levantamentos e dos pagamentos realizados em caixas automáticos (Automated Teller Machine - ATM) estabilizou”, refere, destacando “o grande peso da componente residual, na qual se incluem os pagamentos de baixo valor associados a portagens e estacionamentos e as transferências imediatas efectuadas com cartão”.
A próxima actualização das séries longas do sistema bancário português será feita pelo BdP no terceiro trimestre de 2023.