O inglês tranquilo
Filme de corpo inteiro ou experiência intelectual? Crepúsculo é as duas coisas e o espectador que decida onde se quer situar.
Uma das questões que persegue sistematicamente o cinema de Michel Franco é saber até que ponto o realizador mexicano está verdadeiramente a questionar o espectador ou apenas a realizar experiências irrequietas. Ou, traduzindo por miúdos: desde que o descobrimos no LEFFEST com o “murro no estômago”Después de Lucía (2012), e ao longo de uma carreira irregularmente seguida nas salas mas que nos permitiu ver Chronic, As Filhas de Abril ou Nova Ordem, Franco tem-se especializado em colocar o espectador numa posição de desconforto absoluto, usando os seus inegáveis talentos de cineasta para propor situações-limite que questionam o próprio acto de ver, de testemunhar. Poderíamos colocá-lo no mesmo tabuleiro entomologista liderado pelos austríacos Michael Haneke e Ulrich Seidl, não se desse o caso da manipulação narrativa no cinema de Franco ser muito mais evidente, fazendo por inteiro parte do dispositivo.
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