Como avisou, Gazprom diminui fornecimento de gás via Nord Stream 1

Regulador alemão diz que a Rússia está a usar o gás “como parte da estratégia da sua política externa, ou seja, da estratégia de guerra”.

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A Gazprom cumpriu o anunciado e reduziu o fluxo de gás no gasoduto Nord Stream 1 para 20% da sua capacidade Reuters/REUTERS PHOTOGRAPHER

Desde as 9h da manhã desta quarta-feira que o fluxo de gás a passar da Rússia para a Alemanha através do Nord Stream 1 está em 20% da capacidade do gasoduto – como se esperava, seguindo o aviso que a Gazprom já tinha feito há dois dias. “De momento, estamos a ver redução indicada”, confirmou em entrevista à rádio alemã Deutschlandfunk Klaus Müller, responsável pela entidade reguladora de energia, acrescentando que a percentagem será verificada ao longo do dia.

A empresa estatal russa invocou motivos técnicos para a diminuição do fluxo: problemas com turbinas. A Alemanha e a União Europeia acusam Moscovo de estar a fazer chantagem usando o gás, e de diminuir o fluxo para também levar a um aumento de preços (o que aconteceu: esta terça-feira subiram para valores na casa 200 euros por MWh, um aumento de mais de 20%). O ministro da Economia e Clima da Alemanha, Robert Habeck, acusou o Presidente russo de levar a cabo um “jogo pérfido” com o gás.

Na entrevista dada esta quarta-feira, Müller acusou a Rússia de usar o gás “como parte da estratégia da sua política externa, ou seja, da estratégia de guerra”.

O responsável elogiou ainda o que disse ser um sucesso inicial das medidas para poupar gás na Alemanha: casas e indústria conseguiram uma redução entre 5 a 7% do consumo de gás, indicou. O gás é essencial para a indústria e para o aquecimento das casas, e não pode ser facilmente substituído por outra fonte de energia.

A inovação e a diversificação de fontes de energia são importantes, mas o crucial é, neste momento, poupar gás, sublinhou Müller, acrescentando que se isso for feito, o país poderá ainda evitar uma situação de carência de gás que leve à activação da terceira e mais grave fase do plano de emergência, que implicaria racionamento. “Sou optimista”, disse, mas, para que isto aconteça, “é preciso fazer todos os esforços” para poupar gás.

A questão de se haverá gás no Inverno depende também de muitos outros factores, sublinhou – por exemplo, se o frio do Outono começa cedo e as pessoas começam a aquecer as casas mais cedo.

O ministro Robert Habeck avisou esta semana que o país está numa “situação grave”, mas disse manter o objectivo de conseguir armazenar 95% dos depósitos de gás para fazer face ao Inverno.

Os ministros da Energia da União Europeia chegaram, esta terça-feira, a acordo para um novo plano para poupança de gás em todos os países da União Europeia, embora com uma meta cerca de um terço abaixo dos 15% de redução, que eram o objectivo inicial. A ideia é que todos poupem para que, se faltar gás num país (por causa de um Inverno anormalmente rigoroso, ou por um corte total do fornecimento da Rússia), esse possa ser dado por outros.

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