Espanha tem a maior área ardida na União Europeia

Quase 40% da floresta que ardeu no território europeu durante 2022 ardeu em Espanha, que poderá ter sofrido este mês o maior fogo de que há registo no país.

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Incêndio que este mês queimou 36.000 hectares na província de Zamora poderá ter sido o maior de que há registo na história do país ISABEL INFANTES/Reuters

Já arderam este ano, em Espanha, 222.800 hectares, o que corresponde a 38,5% do total da área ardida este ano na UE (578.956 hectares). A fonte é o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS, na sigla em inglês), que se baseia em imagens de satélite para fazer estimativas e formular dados.

O EFFIS, cuja base de dados vai até 2006, refere que, só nas últimas duas semanas e meia, a área ardida em Espanha superou o total queimado durante todo o ano de 2021 (84.827 hectares). Os 222.800 hectares ardidos este ano em Espanha são o maior número de sempre referente ao país registado pelo EFFIS, superando os totais de 2012 (189.376 hectares) e 2017 (130.920).

Espanha é, nos cálculos deste organismo europeu, o país da UE com mais área queimada em 2022, à frente de Roménia (149.362 hectares), Portugal (52.436), França (42.941 hectares), Croácia (30.934 hectares) e Itália (31.987 hectares). No caso de Espanha, a área ardida este ano corresponde a 0,44% do território. Nesta perspectiva, o país é o quarto mais afectado pelos incêndios em 2022 até agora, depois de Roménia (0,63%), Portugal (0,57%) e Croácia (0,54%).

Os maiores fogos este ano em Espanha ocorreram na região de Castela e Leão, que faz fronteira com os distritos de Bragança e Guarda.

Se se confirmarem os cálculos provisórios do governo regional de Castela e Leão, feitos igualmente com base em imagens de satélite do sistema europeu Copérnico (as mesmas que o EFFIS usa), Espanha terá enfrentado, este mês de Julho, na província de Zamora, o maior incêndio de que há registo na história do país. Queimou 36.000 hectares e vitimou duas pessoas.

Os registos nacionais espanhóis, que remontam a 1968, dizem que o pior ano de incêndios em Espanha foi 1985, quando arderam 484.475 hectares. Segundo estes dados, o maior incêndio registado em Espanha queimou 30.000 hectares em 2004, na Andaluzia, região que faz fronteira com o Algarve. Em relação a este ano, o Governo espanhol tem até agora contabilizado 122.000 hectares ardidos, menos 100.000 do que a estimativa do EFFIS. Os dados nacionais são também provisórios e baseiam-se nas informações das comunidades autónomas.

O Governo espanhol tem dito que a área real afectada por um incêndio pode levar anos a ser calculada e que só pode haver precisão nos dados com medições e avaliações feitas no terreno. Os incêndios em Espanha têm estado associados a dias consecutivos de calor extremo, com as temperaturas a superarem os 40 graus semanas a fio em várias regiões.

As temperaturas têm baixado nos últimos dois dias e, com essa diminuição, os incêndios que permanecem activos têm estado progressivamente a ser controlados. No entanto, a Agência Estatal de Meteorologia​ alertou esta quarta-feira para nova subida das temperaturas a partir de sábado, com previsões para a próxima semana de entre 5 e 10 graus acima dos valores considerados normais para esta altura do ano.

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