Rússia insiste que vai sair da Estação Espacial Internacional em 2024
O recém-nomeado chefe espacial russo confirmou esta terça-feira a intenção do seu país de se retirar da Estação Espacial Internacional depois de 2024. A agência espacial norte-americana adianta que ainda não foi oficialmente informada.
O novo director espacial russo anunciou esta terça-feira a intenção do seu país de se retirar da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) depois de 2024. A intenção já tinha sido anunciada em Abril pelo anterior director da agência espacial russa, mas a NASA refere à Reuters que Moscovo não comunicou a sua intenção de se retirar da parceria orbital de duas décadas com os Estados Unidos. Pelo menos, ainda não foi informada oficialmente.
“Claro que cumpriremos todas as nossas obrigações para com os nossos parceiros, mas a decisão de nos retirarmos da estação depois de 2024 foi tomada”, disse Yuri Borisov, o recentemente nomeado director-geral da agência espacial russa, ao Presidente russo Vladimir Putin, na terça-feira. A agência espacial já tinha anunciado em Abril deste ano que queria deixar de cooperar com a Estação Espacial Internacional (ISS), a NASA e a Agência Espacial Europeia até que as sanções ocidentais contra a Rússia sejam levantadas.
No entanto, Robyn Gatens, a directora da estação espacial da NASA, adiantou que os seus homólogos russos não comunicaram tal intenção, tal como exigido pelo acordo intergovernamental da estação”, disse. “Ainda não há nada oficial”, disse Gatens à Reuters numa conferência da ISS em Washington. “Vimos isso [a declaração de Yuri Borisov] Mas ainda não temos nada oficial.”
A relação entre os EUA e a Rússia na ISS é um dos últimos laços de cooperação civil entre Washington e Moscovo, uma vez que as relações entre os dois países atingiram o seu ponto mais baixo desde a invasão da Ucrânia pela Rússia na Guerra Fria, a 24 de Fevereiro. Ainda assim, a NASA e Roscosmos têm estado em conversações para alargar a participação da Rússia na estação espacial até 2030, e a Casa Branca aprovou no início deste ano os planos da NASA para continuar a gerir o laboratório orbital até lá.
As observações do chefe espacial russo Borisov seguiram um padrão semelhante ao do seu antecessor Dmitry Rogozin, que, durante o seu mandato, assinalou ocasionalmente uma intenção de se retirar da estação espacial - em contraste com as conversações oficiais entre a NASA e Roscosmos, a agência espacial russa. Já em Abril, Rogozin tinha defendido que a ISS não sobreviverá sem a Rússia, pois é ela quem fornece o combustível e faz a previsão de colisões, por exemplo, segundo a Efe.
A própria NASA reconhece que o afastamento da Rússia trará “desafios logísticos e de segurança significativos, dada a multiplicidade de ligações externas e internas, a necessidade de controlar a inclinação e a altitude das naves espaciais, e a interdependência do software”.
Sobre os planos da estação espacial russa, uma porta-voz de Roscosmos questionada pela Reuters remeteu para as declarações do actual director da agência russa, Yuri Borisov.