Queda da confiança coloca economia alemã “à beira da recessão”

Indicador de confiança entre os empresários alemães caiu em Julho para o valor mais baixo desde Junho de 2020, no auge da pandemia. Receio de contracção na economia aumenta.

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Empregados numa fábrica da Porsche, em Estugarda, na Alemanha Reuters/Ralph Orlowski

A escalada dos preços dos alimentos e dos combustíveis e o receio de um Inverno em que o gás pode escassear conduziu à queda, durante o mês de Julho, da confiança dos empresários alemães, aumentando a probabilidade de entrada em recessão da maior economia europeia.

O índice de clima nos negócios calculado pelo instituto alemão Ifo um dos indicadores de referência para a evolução da confiança dos empresários na Alemanha registou em Julho uma queda mais forte do que o esperado, passando de 92,2 pontos em Junho para 88,6 pontos em Julho.

É o valor mais baixo desde Junho de 2020 e confirma a existência de uma inversão de tendência depois da recuperação do índice que se verificava desde os mínimos atingidos no início da pandemia.

O resultado, assume esta segunda-feira o presidente do Ifo na nota de divulgação dos valores do índice em Julho, reforça as probabilidades de entrada da economia alemã numa situação de recessão durante os próximos meses.

“Os altos preços da energia e a ameaça de escassez de gás são um obstáculo para o crescimento. A Alemanha está à beira de uma recessão”, afirma Clemens Fuest, na comunicação divulgada.

Uma recessão técnica é habitualmente definida como uma situação em que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país regista, em pelo menos dois trimestres consecutivos, variações negativas face ao trimestre anterior. Na Alemanha, o PIB cresceu 0,2% no primeiro trimestre do ano e a expectativa é a de que o desempenho da economia se ressinta no período a seguir ao início da guerra na Ucrânia, que começou a 24 de Fevereiro.

O inquérito que o Ifo realiza a cerca de 9000 gestores de empresas alemãs mostra a preocupação que existe, não só com o agravamento generalizado dos preços, como, agora, com a ameaça de uma quebra da actividade económica provocada pela escassez no fornecimento de gás à economia alemã.

Até à passada quinta-feira, a Rússia tinha interrompido o fornecimento de gás feito através do gasoduto NordStream 1, alegando a necessidade de proceder a reparações. O fornecimento foi restabelecido, mas não na sua totalidade, mantendo-se o receio em vários países europeus que a Rússia use os cortes no fornecimento de gás como uma arma contra a economia europeia no actual conflito.

De acordo com a Comissão Europeia e o FMI, o corte dos fornecimentos russos de gás teriam um impacto significativo na economia europeia, particularmente nas economias mais dependentes como a Alemanha e a dos países do Leste da Europa.

Na semana passada, o banco central alemão, embora não avançando com novos números, alertou que a economia estava já a registar um crescimento inferior ao anteriormente previsto, algo que pode colocar em causa a sua previsão de uma variação anual do PIB em 2022 de 1,9%.

Esta sexta-feira, irão ser divulgados em vários países da zona euro (incluindo a Alemanha e Portugal) as primeiras estimativas para a evolução do PIB no segundo trimestre do ano.

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