Produção de cereais em 2021 foi uma das mais baixas dos últimos 35 anos

Se se excluir o arroz, o grau de auto-aprovisionamento dos cereais de Portugal ficou-se pelos 19,4% no ano agrícola de 2020-2021, revelam os últimos dados do INE.

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Daniel Rocha

A produção de cereais no ano agrícola 2020-2021 foi uma das mais baixas dos últimos 35 anos, em reflexo da redução quase generalizada em todas as espécies, agravando o grau de auto-aprovisionamento, revelou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A produção de cereais de Outono/Inverno do ano agrícola terminado em 2021, de 189,2 mil toneladas, foi apenas superior às campanhas de 2005, 2011 e 2012, segundo as estatísticas agrícolas do INE hoje divulgadas, que assinala aumentos na produção de cereais de Primavera/Verão - de 10,3% no milho e 32,5% no arroz.

Em 2021, destaca, o défice da balança comercial dos produtos agrícolas e agro-alimentares totalizou 3.845,9 milhões de euros, traduzindo um agravamento de 401,6 milhões de euros face ao ano anterior, que o INE atribui principalmente à evolução dos cereais (aumento do défice em 154,6 milhões de euros).

O grau de auto-aprovisionamento dos cereais (excepto arroz) ficou-se pelos 19,4%, reflectindo os decréscimos verificados na produção de grão (menos 8,1%) e nas exportações (menos 4,5%), uma vez que as importações se mantiveram ao mesmo nível da campanha anterior.

“A diminuição na produção e nas exportações e a manutenção nas importações, agravaram ainda mais o grau de auto-aprovisionamento dos cereais (excepto arroz)”, destaca o INE.

Os dados do instituto registam aumentos do índice de preços de produção dos bens agrícolas (mais 5,6%), do índice de preços dos bens e serviços de consumo corrente na agricultura (mais 14,2%) e do índice de preços dos bens e serviços de investimento da actividade agrícola (mais 3,2%).

Quanto ao comércio internacional, indicam que o défice da balança comercial dos “Produtos agrícolas e agro-alimentares (excepto bebidas)” totalizou 3.845,9 milhões de euros em 2021, um agravamento de 401,6 milhões de euros face ao ano anterior.

Os cereais foram o grupo que mais contribuiu para esta evolução, segundo o instituto, tendo aumentado o défice em 154,6 milhões de euros, o segundo maior défice (depois das “carnes e miudezas, comestíveis”) no conjunto dos produtos agrícolas e agro-alimentares excepto bebidas.

Frutas com produção recorde

Os dados registam recordes de produção de kiwi, cereja e amêndoa: a produção de kiwi ultrapassou pela primeira vez as 55 mil toneladas, a campanha da cereja foi a mais produtiva dos últimos 49 anos, enquanto a entrada em produção de novos amendoais intensivos contribuiu para um aumento de produção de 31,1%, atingindo as 41,5 mil toneladas de amêndoa.

Já a produção de maçã alcançou as 368,2 mil toneladas, tendo sido a segunda colheita mais produtiva dos últimos 35 anos, segundo as estatísticas.

A produção de azeite disparou para um máximo histórico de 2,29 milhões de hectolitros (mais 49% que em 2019, o segundo melhor registo desde 1915) em resultado de condições meteorológicas favoráveis, conjugadas com o aumento da importância dos olivais intensivos de regadio.

A produção de vinho aumentou 14,7%, alcançando os 7,2 milhões de hectolitros, superior à média dos últimos cinco anos (6,4 milhões de hectolitros).

Quanto às produções de carne de bovino (103 mil toneladas), ovino (15,9 mil toneladas) e caprino (1,3 mil toneladas), os dados revelam acréscimos de 5,3%, 9% e 14,8%, respectivamente, face a 2020.

Em 2021, o rendimento da actividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano, aumentou 9,6%, em consequência dos acréscimos de 7,1% no Valor Acrescentado Bruto (VAB) e de 12% dos outros subsídios à produção, após uma quase estagnação (-0,1%) em 2020.

Sobre o número de incêndios rurais em 2021 em Portugal, num total de 8.230, o INE recorda que significaram menos 15% de ocorrências face a 2020, enquanto a área ardida, de 28,47 mil hectares, foi a segunda mais baixa da última década.