Gertrude Stein, oráculo e provocação
Dois livros que reúnem narrativa, ensaio e poesia (em verso e prosa) de Gertrude Stein, nome cimeiro dos modernismos, pitonisa e agitadora-mor das artes.
Um leitor competente e conservador como Vasco Graça Moura pôde escrever: “e se uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa,/ isso é uma citação desagradável. é de noite e na televisão// há um programa sobre lenine. tenho tanta pachorra para lenine/ como para gertrude stein. quero lá saber do proletariado/ e do campesinato e da alice b. toklas.” (O Concerto Campestre, in Poesia Reunida I, Quetzal 2012). Deixa-se à mais tortuosa imaginação do leitor, ou à sua curiosidade mórbida, o resto do poema, mas não diga que não o avisaram. É possível que poucas coisas façam mais sentido, na actual conjuntura, do que o desentendimento entre uma ideia clássica, conservadora, de cultura e outra situável num plano oposto. É, afinal, a diferença entre ver na tradição clássica um instrumento de manutenção ou de mudança, continuidade ou superação (o que não significa desconhecer, ou desprezar, mas ter como exemplo, sem venerações nem mausoléus).
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