Gabriel Veron: o “puro-sangue” de que o FC Porto precisa
Sérgio Conceição espera receber o “pequeno diamante” do Palmeiras, que pode chegar ao Dragão com certificado de garantia de Abel Ferreira.
Diamante em lapidação acelerada no Palmeiras de Abel Ferreira, o extremo direito Gabriel Veron pode estar na iminência de dar o salto tão ambicionado para o futebol europeu e apresentar-se como segundo reforço do FC Porto para a época 2022/23, depois do investimento feito em David Carmo.
No Dragão, acredita-se no potencial do jovem brasileiro de 19 anos, campeão do mundo de sub-17 em 2019, torneio em que foi eleito o melhor da competição, cuja cotação disparou depois de ter sido chamado à equipa profissional ainda pelo antecessor de Abel, o antigo seleccionador do Brasil Mano Menezes.
Alertado por Luís Campos, Abel Ferreira não teve dúvidas ao fazer afirmação desassombrada sobre o futuro de Veron, elevando o miúdo que despontou no Santa Cruz de Natal a um patamar elevadíssimo, reivindicando algo ao nível da proeza cometida por Neymar quando em 2013 trocou o Santos pelo Barcelona, por verba recorde de 57 milhões de euros.
O Palmeiras, detentor de 60% dos direitos económicos de Veron (o Santa Cruz de Natal detém 40%), tratou de colocar uma cláusula de 60 milhões de euros a blindar o promissor ala, que, naturalmente, não deixou alguns dos grandes clubes europeus, como o Barcelona, indiferentes.
Igualmente atento, o FC Porto percebeu ser esta a altura certa para apostar num atleta que evoluiu da condição de “puro-sangue com carências técnico-tácticas” para uma versão aprimorada num contexto mais próximo do modelo europeu, por óbvia influência de Abel Ferreira.
A capacidade e disponibilidade física, a potência e resistência referidas abundantemente por quem lidou de perto com Veron parecem absolutamente insofismáveis, o que lhe permite encaixar no perfil de jogador comprometido com a dinâmica do corredor pretendido por Sérgio Conceição. Defender não é um problema para Veron, que parece ter crescido alguns metros noutras valências e momentos exigidos a um avançado, como a habilidade, campo em que os brasileiros não perdoam na hora de avaliar um futebolista.
A finalização e a leitura de jogo, especialmente na forma de descobrir e servir os “matadores” - conta seis assistências este ano -, são elogiadas, ainda que a leitura e interpretação dos espaços seja outro factor a requintar. Mas isso será trabalho para Sérgio Conceição, isto caso o FC Porto tenha sucesso nas negociações, que, por envolverem dois clubes brasileiros, nunca são simples.
Na verdade, os emissários de Pinto da Costa (responsáveis pela vinda de Pepê) estão autorizados a negociar uma proposta de cinco anos que fica distante da cláusula de 60 milhões de euros. Objectivamente, o FC Porto está disposto a pagar entre 10 e 12 milhões por 90% do passe de Veron.
O Palmeiras, por sua vez, reclama 9 milhões só pela sua quota, números pouco interessantes para o proprietário do Santa Cruz de Natal, Lupércio Segundo, que é igualmente o agente do futebolista e tem expectativas que poderá explorar em futuras mais-valias.
Exigências, contudo, prejudicadas pelo episódio mais recente de insubordinação do jogador, multado em 40% do vencimento mensal na sequência de uma saída nocturna registada em vídeo. Problema resolvido por Abel Ferreira de forma coloquial, responsabilizando Veron em campo, dando-lhe a titularidade frente ao Cuiabá, que o Palmeiras derrotou com um golo... do extremo, o primeiro em 12 partidas no Brasileirão.
Note-se que Veron, com 35 jogos esta época, soma 18 como titular e 17 como suplente utilizado, pelo que não é ainda um indiscutível na equipa de Abel, mesmo estando sempre presente.
A reputação de Veron poderia, de resto, ficar seriamente afectada por este caso. O FC Porto seria até uma má escolha caso o jogador, que já é pai, chegasse ao Dragão com uma atitude pouco profissional.
Tudo isso será devidamente colocado nos pratos da balança, que neste momento mostra a importância de compensar as saídas recentes de nomes como Corona, Luis Díaz, Fábio Vieira e Francisco Conceição para uma posição onde apenas entrou Galeno, quando os “dragões” estão em contagem decrescente para a apresentação aos sócios, agendada para sábado frente ao Mónaco.