Alexandria Ocasio-Cortez detida em manifestação de defesa do direito ao aborto

Cerca de 20 congressistas do Partido Democrata foram detidos numa manifestação em defesa do direito ao aborto por bloquearem o trânsito em frente ao Supremo Tribunal dos EUA. Entre eles estava Alexandria Ocasio-Cortez.

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Alexandria Ocasio-Cortez detida pelas autoridades em frente ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos Reuters/SARAH SILBIGER

Vários membros democratas proeminentes do Congresso foram detidos, esta quarta-feira, durante um protesto de apoio ao direito ao aborto, que decorreu em frente ao Supremo Tribunal, depois da histórica decisão de anular o acórdão Roe v. Wade, que perdurava desde 1973. Os políticos reuniram-se em frente ao Capitólio antes de marcharem para o prédio do tribunal, e gritavam em conjunto: “os nossos corpos, a nossa escolha” e “não vamos voltar”.

Alexandria Ocasio-Cortez foi detida por agentes da Polícia do Capitólio, em Washington, por bloquear o trânsito em frente ao tribunal, tendo acontecido o mesmo a outras congressistas democratas: Nydia Velazquez, Carolyn Maloney, Jackie Speier e Bonnie Watson Coleman.

O grupo sentou-se no meio da rua como um acto de desobediência civil pacífica, enquanto um grupo de polícias se reunia em torno deles, transmitindo uma mensagem pré-gravada que anunciava a prisão iminente a quem bloqueasse a passagem na rua. Ao ter sido ignorada, as autoridades no local começaram, então, por levar os legisladores, com as mãos atrás das costas, para uma área isolada dos restantes manifestantes.

No total, 18 membros do Congresso foram detidos e 17 deles eram mulheres. Andy Levin de Michigan foi o único a ser retirado do local pelas autoridades. Em comunicado, Carolyn Maloney, uma democrata de Nova York que também foi detida, afirmou: “Tenho o privilégio de representar um estado onde os direitos reprodutivos são respeitados e protegidos – o mínimo que posso fazer é colocar o meu corpo em risco pelas 33 milhões de mulheres que podem vir a perder os seus direitos”.

Jackie Speier, uma representante da Califórnia que também foi detida, escreveu na sua página oficial do Twitter: “Orgulhosa de marchar com meus colegas democratas e de ser presa pelos direitos das mulheres. Pelo direito ao aborto. Pelo direito das pessoas controlarem os seus próprios corpos. E pelo futuro da nossa democracia. ”

A reacção contra o Supremo Tribunal, que agora é liderado por seis juízes conservadores, incluindo três nomeados por Donald Trump, intensificou-se em Maio, quando começaram as negociações sobre findar o direito legal ao aborto. Imediatamente após a divulgação da decisão oficial, protestos maciços ocuparam as ruas dos EUA, de Nova York a Los Angeles, inclusivamente em grandes cidades de estados liderados por republicanos, como o Missouri ou o Texas.

Na sexta-feira passada, Joe Biden e a Câmara dos Representantes dos EUA, controlada pelos Democratas, aprovaram dois projectos de lei para proteger o acesso ao aborto no país, mas ambos têm poucas chances de serem viabilizados no Senado, onde o partido do Presidente Joe Biden detém uma minoria mínima.

Um dos projectos apoia o acesso à interrupção voluntária da gravidez, consagrando o direito ao aborto como lei federal, e o outro protege as viagens interestaduais para que as mulheres consigam ter acesso ao procedimento em locais onde este ainda é permitido.

No final de Junho, uma maioria dos juízes do Supremo Tribunal derrubou as protecções legais a nível nacional para o aborto, anulando o acórdão Roe v. Wade, que perdurava desde 1973. Como consequência, diversos estados controlados pelo Partido Republicano restringiram ou proibiram completamente o aborto desde a decisão da mais alta instância judicial dos EUA.

Notícia corrigida às 12h05. Retirada referência à utilização de algemas durante a detenção.

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